Memória LEOUVE

A previdência, o pato e o protesto

A previdência, o pato e o protesto

Até o pato que mora na Avenida Paulista e que parece ter desistido de protestar porque até o dono tá na lista do Janot sabe que é apenas a mobilização e a resistência popular nas ruas que pode barrar essa reforma da previdência que propõe que os trabalhadores tenham que contribuir por quase meio século pra ter direito à aposentadoria integral.

 

Pois, ontem, as ruas voltaram a se agitar país afora, o que é uma boa notícia, apesar dos transtornos no transporte público, dos excessos de todos os lados e do palanque a partidos e políticos que diminui a causa justa e só alimenta a crônica crise política nesta república de bananas.

 

Antes que você me pergunte, eu respondo: o pato amarelo da Fiesp não estava lá como esteve em outras oportunidades. Lá estavam apenas os que estão sendo feitos de patos, mas que não querem mais pagar o pato.

 

Eu volto a afirmar aqui: eu não sou contra uma reforma da previdência. Eu sou contra essa reforma da previdência que cobra todo o preço da crise de quem menos pode pagar. Ao contrário, eu acredito que seja fundamental discutir um novo modelo de previdência no país, porque a realidade é outra, porque a população envelhece e vive mais, e cada vez mais pessoas precisam receber o benefício. É evidente que a conta hoje é outra.

 

Por isso, o primeiro grande protesto nacional do ano precisa ser saudado como a voz do povo que se levanta contra uma proposta que penaliza pelo risco aos que já estão aposentados, pela retirada de direitos dos que ainda trabalham e pelo completo descrédito que oferece às futuras gerações.

 

É preciso dar mais tempo e amplitude a esse debate, convocando toda a sociedade pra estabelecer um novo caminho que equilibre custos e benefícios entre toda a população.

 

O certo é que a manifestação popular é o único argumento hoje capaz de derrotar essa reforma e impedir que o trator do governo passe por cima do Congresso como fez em outras votações e ainda pretende fazer agora.

 

Mesmo que pra um governo com pelo menos seis ministros que a Procuradoria-geral da República quer que sejam investigados por corrupção, essa tarefa seja ainda mais difícil.

 

É preciso ficar atentos, pra que a gente não pague o pato sozinhos.