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A morte do policial e a paz esquecida

A morte do policial e a paz esquecida

A morte de um policial em Porto Alegre com três tiros na cabeça na tarde de ontem mostrou mais uma vez que a profissão de defender os outros e fazer cumprir a lei está cada vez mais difícil num país que consegue matar a tiros mais cidadãos do que muitos conflitos armados no mundo todo.

 

A cada ano, mais de 50 mil pessoas são assassinadas neste país imenso.

 

Mas a morte de um policial carrega a sensação de que toda a sociedade morre um pouco. Porque o policial está dando sua vida ali nas ruas para nos proteger.

 

A sensação é de que o crime é que está ganhando essa guerra. Estamos matando, estão nos matando e estão matando policiais, e a violência só aumenta a cada dia.

 

E as consequências dessa violência atingem o policial com a mesma ferocidade que atinge todos nós, cidadãos comuns.

 

É certo que há desvios da polícia, é certo que há abusos da ação policial, é certo que muitas vezes se mata inocentes, mas também é certo que raramente a gente lembra que o Brasil também é recordista mundial em assassinatos de policiais.

 

Por isso, é necessário mudar esse discurso que vitimiza apenas o bandido e culpa só o policial. É preciso ter equilíbrio e entender que a defesa dos direitos humanos não pode ser a demonização da polícia.

 

Do outro lado, também é preciso entender que o discurso de que bandido bom é bandido morto apenas alimenta essa guerra em que não existem vencedores.

 

O que a gente precisa é cada vez mais ter responsabilidade no discurso pelo bem da segurança pública e dos policiais.

 

É certo que a nossa polícia sofre com a falta de equipamentos eficazes no combate ao crime e carece de investimentos no treinamento, no monitoramento e na responsabilização de nossas forças policiais.

 

Mas eles também precisam de apoio. A verdade é que um dos caminhos para acabar com essa epidemia de violência no Brasil é focar em medidas de proteção tanto para policiais quanto para cidadãos.

 

 

Por isso, leis como a que transforma o assassinato de policiais em crime hediondo só terão efeito se dermos prioridade para medidas concretas para lidar com os fatores de risco que levam tantos policias à morte, como o jovem que morreu ontem na capital do estado e levou com ele um pouco mais da nossa paz já tão esquecida.