Que muita coisa está podre nesta nossa república de bananas a gente já tá cansado de saber. Mas, pelo menos até a manhã desta sexta-feira, a gente não sabia que a carne que chega a nossa mesa também pode ter procedência duvidosa.
É isso mesmo. De carne estragada ao uso de doses altas de produtos cancerígenos, passando pelo reaproveitamento de produtos já vencidos, por carne contaminada por bactérias e pela venda de carne imprópria para o consumo humano, a lista de irregularidades encontradas nas denúncias da operação carne fraca, a maior operação da história da Polícia Federal, é de assustar.
A polícia identificou que a carne estragada era usada para produzir salsichas e linguiças, e alguns frigoríficos faziam uma verdadeira maquiagem das carnes estragadas pra disfarçar o cheiro de podre e a falta de qualidade dos produtos.
E isso é só a ponta de uma lista que embrulha o estômago.
Tudo isso chegou a mesa dos brasileiros, e muita coisa foi até exportada.
E a coisa toda cheira muito mal porque envolve os maiores grupos frigoríficos do país e marcas como Sadia, Perdigão, Friboi e Seara, e é muito grave porque envolve funcionários públicos que deveriam fiscalizar, mas que recebiam propina pra deixar passar todo esse absurdo.
E pelo menos um empresário aqui da Serra Gaúcha está envolvido no esquema e tem mandado de prisão expedido.
E, claro, como sempre acontece nessa nação de botocudos, há políticos envolvidos e inclusive indícios de que partidos políticos eram beneficiados com parte desse dinheiro sujo. Não por coincidência, o PP e o PMDB.
Pra se ter uma ideia, em uma das escutas gravadas pela polícia, o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, pede explicações e providências ao fiscal apontado como o chefe da quadrilha sobre a fiscalização e a ameaça de fechamento de um dos frigoríficos envolvidos nas fraudes.
É claro que só um telefonema não indica que Serraglio estava envolvido, mas é pelo menos estranho que um deputado federal chame o fiscal bandido de grande chefe.
Chefe de quê, cara pálida? Com certeza, chef de cozinha é que não era.
Mas isso agora é o que menos importa, porque a preocupação é de saúde pública, porque não há como descartar que esses produtos impróprios pro consumo estejam até hoje nas prateleiras dos mercados prontos pra serem consumidos pela população desavisada.
Me desculpem o desabafo, mas este país, sinceramente, me dá náuseas.