Memória LEOUVE

A conta da crise

A conta da crise

A paralisação dos servidores públicos que acontece hoje em todo o estado como protesto por mais um parcelamento de salários mostra que o governo Sartori enfrenta uma de suas fases mais turbulentas, e que ela ainda não tem data para acabar.

 

É que passados quase 20 meses de governo, José Ivo Sartori ainda não deixou claro qual seu verdadeiro programa de governo além de gerenciar a crise. Essa semana, durante quase meia hora em que ele concedeu uma entrevista exclusiva comandada por mim para o Grupo RSCOM, o que ficou claro é um governo que responde paliativamente a cada crise, e cujas medidas não tem o alcance necessário nem para vislumbrar a saída da crise nem para garantir o apoio da população às medidas que ainda virão por aí.

 

Há medidas importantes para estancar a sangria a médio e longo prazos, sim, mas eu confesso que esperava muito mais do atual governo, como uma verdadeira reforma administrativa e um verdadeiro ajuste fiscal que equilibrasse a cobrança de impostos do cidadão e a distribuição de isenções muitas vezes pra quem não precisa.

 

Hoje, o governo apenas esboça um projeto que precisa prever a imediata extinção de organismos deficitários, o enfrentamento efetivo da dívida, o realinhamento da política de pessoal, com ênfase para as áreas da saúde, da educação e da segurança, e a reforma dura da previdência estatal estadual, para garantir direitos e acabar com privilégios.

 

A verdade é que o governador tem oscilado nos sinais entre a coragem e a hesitação, e a população fica bem no meio da turbulência sem saber pra onde correr.

 

O certo é que, prestes a chegar a metade do seu governo, Sartori progrediu lentamente, enfrentou resistências pontuais e hoje enfrenta uma incapacidade de impor sua vontade aos aliados.

 

 

Enquanto isso, o governo segue concedendo benefícios fiscais a gigantes como a fabricante de bebidas Ambev e parcelando o salário do funcionalismo mês após mês, provocando ainda mais carências nos já precários serviços públicos, insegurança nas categorias e medo na população.

 

De resto, um orçamento confuso e uma LDO que limita investimentos apontam para mais um ano difícil logo ali na frente.

 

 

O problema é que parece que o governo aproveita esse momento de crise e, em vez de investir na busca de novas receitas, opta por arrochar o serviço público, elegendo o servidor e o contribuinte pra pagar a conta da crise.