Memória LEOUVE

A bocarra premiada

A bocarra premiada

Mesmo que não decidam nada, os próximos dias serão decisivos. Calma, que eu vou tentar explicar. É que, a partir de hoje, quando a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara começar a julgar mais um dos intermináveis artifícios do crocodilo Cunha pra continuar na superfície política da Nação, e amanhã, quando 10 candidatos começam a disputar o mandato tampão da presidência da Câmara Federal, o que estará em jogo na verdade serão outros interesses.

 

Pra você ter uma ideia do que eu estou falando, é só lembrar que a última mordida do crocodilo é um novo recurso para que seu processo de cassação volte à estaca zero do Conselho de Ética, e o argumento é risível: Cunha acredita que a coisa toda precisa voltar ao começo porque ele foi condenado como presidente da Câmara, e agora, pasmem, senhores, ele não passa de um deputado comum.

 

Seria cômico, não fosse trágico, ver que ele tem apoio até pra colar um argumento escandaloso como esse.

 

Cunha manobra no lodaçal da política barrenta porque sabe que seu couro, logo, logo, vai ser curtido em Curitiba.

 

E os que o apoiam, mesmo nas sombras, sabem que, se isso acontecer, a casa cai e a lagoa seca definitivamente.

 

A verdade é que Cunha tem entre os dentes fartas provas para implodir o covil de cúmplices que é esse Congresso Nacional, e vai jogar pesado pra livrar a cambada da cadeia.

 

A esposa denunciada e a filha na berlinda são presas fáceis da Lava-jato, e o crocodilo quer mesmo é mantê-las fora da jaula.

 

 

Por isso, os próximos dias serão decisivos. Porque será preciso calar Eduardo Cunha. Porque todos sabem que se Cunha realmente abrir a bocarra premiada, a mandíbula feroz do crocodilo pode exterminar de vez os ratos que infestam o Planalto Central.