CONSERVAÇÃO

Filhote de puma resgatado na Serra Gaúcha ganha novo lar em zoológico

Animal sobreviveu sozinho após perder a mãe e os irmãos. Agora, será símbolo da luta pela preservação da espécie no Estado

Filhote de puma resgatado com poucos dias de vida no Parque Estadual do Tainhas enfrentou uma série de desafios de saúde - Foto: Luis André/Secom
Filhote de puma resgatado com poucos dias de vida no Parque Estadual do Tainhas enfrentou uma série de desafios de saúde - Foto: Luis André/Secom

O Parque Zoológico de Sapucaia do Sul reabriu ao público na última semana com uma novidade especial. Um filhote de Puma concolor, resgatado em Jaquirana, nos Campos de Cima da Serra, chegou ao local após meses de cuidados intensivos.

O animal foi apresentado aos visitantes neste domingo (3), quando ocupou seu novo recinto. O puma passou por um período de adaptação, monitorado por veterinários e biólogos.

O animal foi o único sobrevivente de uma ninhada de três filhotes – Foto: Luis André/Secom

Da sobrevivência ao acolhimento

A história de superação do filhote começou em fevereiro de 2025. Com apenas dez dias de vida e pesando 700 gramas, foi encontrado por um morador local. Ele era o único sobrevivente de uma ninhada de três. A suspeita é que a mãe tenha sido vítima de caça ilegal.

O morador acionou a equipe do Parque Estadual do Tainhas, que realizou o primeiro resgate. Guilherme Oliveira, servidor da Sema, lembra do momento:

“O animal estava debilitado. Desde o início, pensei em agilizar o atendimento. Hoje, ver ele saudável é motivo de orgulho.”

Após o resgate, o filhote foi levado para a sede da Sema em Porto Alegre. Ali começou o tratamento sob coordenação da Divisão de Fauna. Segundo Aline Zacouteguy, chefe da divisão, ele não poderá voltar à natureza:

“Possivelmente, foi vítima de um crime ambiental. Casos assim mostram a importância de respeitarmos a vida silvestre.”

Parque é destino final do puma, depois de longa jornada de tratamentos com uma equipe multidisciplinar da Sema e voluntários – Foto: Luis André/Secom

Rede de apoio e tratamento

Desde os primeiros exames, realizados pelo Instituto Preservas da UFRGS, o caso mobilizou uma rede de instituições. Entre elas estão a Associação Mata Ciliar, a UFMT, e clínicas veterinárias que realizaram exames e cirurgias, como a de catarata.

Já em junho, com 10 kg, o puma foi transferido para o Zoológico de Canoas. Um mês depois, com 13 kg, seguiu para Sapucaia do Sul.

Moira Ansolch, médica veterinária da Sema, explica:

“Por ter sido resgatado muito jovem e apresentar possível déficit visual, não pode ser reintroduzido. Em zoológicos, ele terá bem-estar e segurança.”

Campanha para escolha do nome

O animal passou por um período de adaptação até ser direcionado para o seu novo recinto – Foto: Luis André/Secom

O governo do Estado lançou uma campanha para batizar o felino. A votação ocorre nos perfis oficiais nas redes sociais. A iniciativa busca aproximar a população da causa da conservação da fauna nativa.

Espécie ameaçada

O Puma concolor, também chamado de onça-parda ou suçuarana, é o segundo maior felino das Américas. No Rio Grande do Sul, enfrenta riscos severos e consta como ameaçado de extinção.

Com hábitos noturnos e alimentação variada, de lebres a capivaras, tem papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas. Porém, a perda de habitat, atropelamentos e conflitos com o homem têm reduzido drasticamente sua presença.

Cátia Viviane Gonçalves, diretora de Biodiversidade da Sema, alerta:

“A proteção do puma exige ações integradas. Ele é um indicador da saúde ambiental do nosso território.”