

Há exatamente um ano, uma reportagem do Grupo RSCOM, assinada pelo grande repórter Mauro Teixeira, mostrava em todos os detalhes que as facções já atuavam em Caxias do Sul. Naquela época, ninguém quis ver o que já estava na cara. Hoje, o tempo, as ações dos bandidos e o aumento da criminalidade confirmaram que as facções estão aí, nas ruas e nos presídios.
E agora cada vez mais se confirma que elas vêm ganhando espaço, e atuam também em Bento Gonçalves, como também mostramos em uma reportagem sobre o comando paralelo no presídio da cidade.
E não adianta tapar o sol com a peneira, porque a realidade está aí, nas mortes violentas, nos roubos que aumentam, nas ameaças em rede, no funk da facção que se julga acima da punição.
A verdade é que a gente tá vivendo uma reconfiguração geopolítica do crime, em parte provocada pela repressão às organizações criminosas nas grandes cidades, em outra parte estimulada inacreditavelmente pelo Estado, quando deixa de investir na segurança, quando não tem dinheiro pra equipar e qualificar viaturas e armamentos, quando deixa de formar novos policiais e quando transfere presos perigosos e não tem força pra coibir a sucessão nas organizações criminosas.
E não adianta dizer que isso é um problema entre traficantes ou que a onda de violência não afeta a todos, porque não dá pra aceitar que a população pague esse alto preço da insegurança simplesmente porque o Estado não cumpre efetivamente com o seu dever de proteger os cidadãos.
Porque nessa hora, meus amigos, não adianta nem apelar pra fé, mesmo que a gente possa contar com a inestimável proteção do agora beato padre João Schiavo.
