Estimasse que uma mulher seja morta a cada duas horas no Brasil, vítima de feminicídio. E antes disso, cada uma dessas mulheres sofreu inúmeros abusos na mão de seus companheiros. Muitas dessas vezes, os sinais estavam lá, mas ninguém conseguiu identificá-los.
É justamente com o objetivo de identificar esses sinais e salvar vidas que a Polícia Civil e o Poder Judiciário gaúchos começaram a implementar um relatório de avaliação de risco a que a mulher vítima de violência doméstica está exposta.
O relatório já está sendo aplicado nas 22 Delegacias Especializadas de Atendimento a Mulher no Rio Grande do Sul. Assim que a mulher registra um boletim de ocorrência denunciando agressões ou abusos, ela responde algumas questões simples de múltipla escolha, que permitem graduar o nível de risco que ela está correndo no momento.
As perguntas são divididas em quatro partes: violência sofridas, comportamento do autor, dados sobre a vítima e informações importantes de aspecto social. Entre as questões, estão o envolvimento do autor da agressão com drogas e álcool, grau de autonomia social e financeira da vítima e especificidades dos abusos físicos e psicológicos sofridos.
Com as informações do questionário, o judiciário terá também o conhecimento da situação da vítima no caso de ela precisar ser retirada do lar violento, como necessidade de abrigo e apoio em relação aos filhos.
A partir do segundo semestre de 2019, o questionário deve passar a ser aplicado também em todos os órgãos de registro de ocorrência no Estado, segundo a chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor. “Além disso, serão implementadas as chamadas salas das margaridas. Serão espaços individuais nas delegacias para que a mulher vítima de violência receba um acolhimento especializado ao fazer a denúncia. É importante que a mulher se sinta segura para realizar esta denúncia e que saiba que pode se libertar de um ambiente de violência familiar”, disse a delegada. A previsão é de que pelo menos duas dessas salas estejam prontas até o fim de junho.