A Polícia Civil investiga como tortura e injúria o caso de um jovem surdo e deficiente intelectual que foi amarrado e humilhado por colegas de trabalho, em local restrito a funcionários dentro de uma das unidades do supermercado Andreazza, em Caxias do Sul. O caso foi registrado no dia 26 de setembro. Em nota, o supermercado informou que demitiu por justa causa os dois funcionários identificados no vídeo e que repudia este tipo de atitude.
Conforme registrado em boletim de ocorrência, o fato veio a tona em uma confraternização pelo Dia do Surdos, comemorado no dia 26 de setembro, na Escola Municipal Hellen Keller, voltada para a comunidade surda. A mãe do garoto ainda relatou à polícia que essas brincadeiras eram recorrentes, mas desta vez haviam ultrapassado os limites.
Em um minuto e trinta segundos de vídeo, o jovem aparece amarrado a um corrimão e rodeado por, ao menos, três colegas de trabalho que o chamam de “mudinho” e pedem que ele mande “beijinho” para a câmera. É possível constatar que o rapaz faz movimentos para tentar soltar as amarras. No momento em que um outro colega tenta soltar, uma das pessoas presentes no local diz “não, não. Deixa ele ai.” No final do vídeo, entre risadas dos presentes na cena, é possível captar a frase “tu é vagabundo mesmo! Tem que ficar amarrado aí.”.
O Grupo Andreazza ainda informou que o rapaz voltou a trabalhar e está recebendo suporte psicológico.
Segundo o Gerente do Trabalho de Caxias do Sul, Vanius Corte, a denúncia sobre o caso foi recebida na terça-feira (8) e está sendo avaliada. Corte ainda classifica como um dos mais graves já registrados por ele. Sobre a atitude da empresa em demitir os funcionários, Vanius afirma que foi tomada a atitude correta.
Manifestação da empresa
O Grupo Andreazza tem sua trajetória marcada pelo respeito à diversidade e dignidade humana. Acreditamos na boa convivência das diferenças como parte essencial na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Com relação aos eventos lamentáveis ocorridos em uma de nossas unidade em Caxias do Sul, expressamos nosso total repúdio. Esse caso, nada condizente com o posicionamento do Grupo, já recebeu nossa devida atenção, e acompanhamos de perto desde que dele tomamos conhecimento.
Informamos que a responsabilidade pelo fato já foi apurada e os envolvidos desligados da nossa empresa, bem como nossa solidariedade e suporte ao funcionário acometido por ela, além de sua família.
Desde 2009, o Grupo Andreazza contrata e acolhe pessoas com deficiência (PcD), sempre atento às necessidades específicas e à satisfação de cada um. Premiado e amplamente reconhecido, o programa “Eficiência em Ação” desenvolve a criatividade, o trabalho em equipe e as habilidades dos funcionários com deficiência, além de disseminar em todo Grupo a importância do respeito à diversidade.
O Grupo Andreazza reforça seu comprometimento com o bem-estar de funcionários, fornecedores e clientes que nos visitam todos os dias. Ainda, nos colocamos à disposição das autoridades competentes para possíveis esclarecimentos complementares.