Um vídeo, gravado por uma testemunha e compartilhado nas redes sociais, mostra o momento em que policias da França mataram a tiros Naël, um jovem de 17 anos. Diferente do que foi dito pelos agentes, na gravação é possível ver que o tiro ocorreu no momento em que o carro acelerava, sem ameaçar diretamente a integridade dos policiais, o que foi, no entanto, o que alegaram inicialmente o policial que efetuou o disparo, que está preso, e seu colega.
A Justiça abriu duas investigações, uma delas por homicídio voluntário cometido por um responsável pelo poder público, que diz respeito diretamente à responsabilidade desse brigadista. A segunda, por fugir de um controle policial, tem a ver com o comportamento de Naël, procedimento que tem provocado a indignação da família do jovem que, pela boca da advogada Jennifer Cambla, lembrou que na França não se pode julgar um morto. Em declarações nesta quarta-feira, 28, à emissora de rádio “France Info”, Cambla indicou que a família pretende apresentar queixa por falsificação, por considerar que os agentes envolvidos no incidente mentiram no seu primeiro depoimento. O caso gerou uma onda de revoltas no país.
Os manifestantes incendiaram 40 veículos, um prédio da prefeitura de Mantes la Jolie e feriram 24 policiais, segundo o ministro, que detalhou que 1.200 agentes foram mobilizados durante a noite. Diante das ondas de revoltas que o caso causou, o governo da França vai mobilizar 2.000 agentes das forças de segurança em cidades nos arredores de Paris para evitar a repetição dos distúrbios. Personalidades, como os jogadores de futebol Kylian Mbappé, que joga no Paris Saint-Germain, e Jules Koundé, do Barcelona, se manifestaram e criticaram o abuso das autoridades.
O ator Omar Sy enfatizou que Naël morreu assassinado por um policial e exigiu que um juiz digno desse nome honre a memória desse menino. O presidente francês, Emmanuel Macron, se solidarizou com família de jovem morto e pediu calma, após uma noite de distúrbios com mais de 30 detidos e dezenas de carros incendiados. Ele afirmou que “nada justifica a morte de um jovem” e ressaltou que quer que a Justiça atue com rapidez, mas com a serenidade necessária para encontrar a verdade.