A Polícia Civil investiga o dono de um mercado que ameaçou e agrediu duas crianças, no bairro Portal da Maestra, em Caxias do Sul. A situação foi filmada e o vídeo divulgado em redes sociais (confira no final da matéria). As crianças estão sentadas no corredor do mercado, rendidas, enquanto o empresário utiliza uma faca para ameaça-los. O proprietário está acompanhado de um funcionário durante todo o vídeo. Em certo momento, o dono do mercado ordena que o menino mais novo lamba o chão para limpar. Aparentemente, a criança urinou na calça.
O inquérito policial foi aberto pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) na semana passada. Os dois homens que aparecem nas imagens já foram identificados e prestaram depoimento no início desta semana.
“Recebemos este vídeo e iniciamos a investigação. Ainda buscando esclarecer a extensão para saber em qual crime enquadrar, ainda estamos nas primeiras diligências. As vítimas (duas crianças) ainda não foram identificadas. Prefiro não divulgar detalhes dos depoimentos também, porque ainda é cedo. Precisamos de mais elementos para tipificar os fatos e a devida responsabilização”, explica a delegada Thalita Andrich.
Conforme informações nas redes sociais, os meninos têm entre oito e 13 anos. A DPCA ainda tenta confirmar esta informação.
As imagens e o diálogo levam a crer que o empresário flagrou os dois jovens furtando algum produto do seu mercado, que fica no bairro Portal da Maestra. Contudo, esta ocorrência nunca foi informada à polícia. As ameaças, portanto, seriam mais um caso de “justiça pelas próprias mãos”, o que é previsto como crime no artigo 345 do Código Penal.
Conselho Tutelar foi o primeiro a receber denúncia
Segundo a Polícia Civil, quem primeiro recebeu a denúncia sobre o caso foi o Conselho Tutelar. Um pedido de informações foi enviado ao órgão de proteção.
“Estamos solicitando o que foi feito por eles naquele primeiro momento. É um pedido de informação oficial. Mas, estamos trabalhando junto com eles para tentar entender os fatos”, aponta a delegada Thalita.
Procurado pela reportagem, o Conselho Tutelar Norte relatou que só ouviu boatos sobre o tal vídeo e, assim, nenhuma medida foi adotada até o momento.
“Ficamos sabendo boatos, mas nada oficial. Essa demanda chegou no final de semana dos dias 11 e 12 (de março), quando o plantão era do Conselho Tutelar Sul. Não sei que atitudes foram tomadas por lá. Para nós, não foi passado nada. Não temos nada oficial, nada protocolado”, afirmou o conselheiro Maurício Abel, coordenador do Conselho Tutelar Norte.
Por sua vez, o Conselho Tutelar Sul respondeu que recebeu informações incompletas sobre a situação. A ligação com a denúncia foi atendida pela conselheira tutelar Priscila Vilasboa, durante plantão no final de semana dos dias 11 e 12 de março.
“Não recebemos este vídeo. Em nenhum momento soubemos dessa exposição dos jovens. A ligação que recebemos é de um ato infracional cometido por um adolescente, o que deveria ser repassado à Brigada Militar, que é quem atende atos infracionais. O denunciante não nos passou nada sobre os jovens e não tivemos conhecimento sobre este vídeo”, respondeu o conselheiro tutelar Maxwell Abreu, coordenador do Conselho Tutelar Sul.