Bento Gonçalves

Vereadores fazem desabafo e até ameaça ao falar da ação do Ministério Público

Scussel e Pasqualotto, ex e atual presidente do Legislativo
Scussel e Pasqualotto, ex e atual presidente do Legislativo

Foi bastante tensa a sessão ordinária da Câmara de Vereadores na tarde de segunda-feira em Bento Gonçalves. Isto porque foi o primeiro encontro após a divulgação do resultado da apuração feira pelo Ministério Público e Gaeco em torno de denúncias de que haveria uma negociação para a ampliação da altura na construção de prédios na rota gastronômica da cidade, o que ficou conhecido como a não aprovada emenda 165.

O promotor Alécio Nogueira entendeu por pronunciar dois vereadores e não incluir dois dos investigados no inquérito remetido à justiça. Rafael Pasqualotto e Marcos Barbosa são os indiciados com base em testemunhos, enquanto Moisés Scussel e Volnei Christófolli não foram indiciados. Destes, apenas Christofolli não demostrou grande emoção e relegou a questão a poucos segundos em sua fala.

Marcos Barbosa, embora ainda na semana passada se dissesse tranquilo, estava visivelmente nervoso. Lembrou que mesmo tendo seu celular e notebook devassados nada contra ele se encontrou e ameaçou: “aqueles que disseram que iriam comemorar minha queda com ‘champagne’, vão guardando dinheiro, pois haverá pedido de indenização. Não vão me derrubar”.

O vereador Pasqualotto, presidente da Casa, leu um texto redigido por ele mesmo para não “divagar”. Disse ter ficado muito satisfeito com o resultado. “Devassaram a minha vida, minhas redes sociais e conversas ao telefone e nada encontraram. Sabem porque? Porque não havia o que encontrar”. Ele disse ter conversado com pessoas do meio jurídico que o tranquilizaram, entendendo que não haverá condenação pois “a prova testemunhal é a prostituta das provas”.

O clima ficou tenso em determinado momento e a sessão precisou ser interrompida por cinco minutos, isto porque, ao usar a tribuna, o vereador Moacir Camerini (PDT) dirigindo-se ao presidente, gritou por três a quatro vezes chamando-o de “réu”. Pasqualotto então passou a trocar farpas com Camerini e houve manifestações das galerias por parte de seguidoras do vereador Camerini (ouça a acusação e o bate boca no segundo áudio desta matéria, logo abaixo).

Quem também abordou o assunto foi o ex-presidente do Legislativo, Moisés Scussel. “Começarei usando um dito popular: ‘quem não deve não teme’, mas vou mudar o dito: ‘quem deve tem que temer’. E passou a relatar o episódio da chegada de policiais civis, da Gaeco e do pessoal da promotoria certa manhã do ano passado em sua casa. “Pediram que eu retirasse minha pequena filha do quarto e disseram que daquele momento em diante eu não deveria tocar em nada. Agora devo ficar feliz porque nada encontraram?! Este acontecimento entre tantos outros é que me fizeram tomar a decisão de nunca mais concorrer a vereador”, encerrou.

Ouça a manifestação do vereador Rafael Pasqualotto

Veja o que disse na sessão o vereador Camerini e a réplica de Pasqualotto até que a sessão fosse interrompida