
A vereadora Estela Balardin denunciou ter sido vítima de um episódio de cunho racista durante uma sessão extraordinária da Câmara Municipal de Caxias do Sul, na tarde desta terça-feira (23). A Brigada Militar foi acionada para atender a ocorrência.
O caso aconteceu em meio à votação de um projeto considerado polêmico, conhecido como “lei das águas”, quando um homem que acompanhava a sessão da plateia teria feito comentários ofensivos direcionados à parlamentar.
Comentário sobre aparência motivou acionamento da polícia
Segundo o relato da vereadora, após manifestações no plenário, um dos presentes teria dito que ela deveria “arrumar o cabelo”, comentário entendido pela parlamentar como discriminatório e racista. Ao ser confrontado, o homem teria feito novas comparações envolvendo a aparência da vereadora.
“A gente ainda vê hoje pessoas achando que pessoas negras não podem ocupar espaços de evidência”, afirmou Estela.
Diante da situação, ela solicitou o acionamento da polícia e se retirou do plenário.

A Brigada Militar informou que colheu o depoimento da vereadora e de testemunhas, além de recolher imagens das câmeras de monitoramento, que foram anexadas ao boletim de ocorrência.
Suspeito fugiu antes da chegada da Brigada Militar
De acordo com o capitão Moura, o suspeito não foi detido, pois deixou o local antes da chegada da guarnição.
“O possível autor se evadiu. As imagens foram coletadas e o boletim de ocorrência será encaminhado para a Polícia Civil, que dará continuidade à investigação”, explicou o oficial.
A vereadora assinou o registro policial e manifestou interesse em dar andamento ao processo.
Apesar do abalo emocional, Estela afirmou que retornaria à sessão.
“Dá vontade de chorar, mas isso mostra o quanto é necessária a nossa presença aqui dentro. Eu vou voltar e continuar trabalhando”, declarou.
Câmara abre procedimento interno e cita protocolo antirracista
O diretor-geral da Câmara, Ricardo Barazzetti, informou que a Presidência da Casa foi comunicada imediatamente e que, além das providências policiais, será instaurado um procedimento administrativo interno.
“Temos um protocolo antirracista em vigor, com uma comissão formada por vereadores e servidores. O caso será apurado e, ao final, poderão ser adotadas medidas internas, conforme o resultado da investigação”, afirmou.
O episódio ocorre pouco tempo após a aprovação, por unanimidade, de um projeto de resolução que instituiu o protocolo antirracista no Parlamento caxiense, prevendo acolhimento às vítimas, apuração de denúncias e encaminhamento à Comissão de Ética, ao Ministério Público ou à delegacia especializada, quando necessário.
A investigação criminal ficará a cargo da Polícia Civil.