Nos jogos da Copa do Mundo temos visto algumas seleções favoritas patinando na arrancada. Alemanha, Argentina e Brasil, sofrem para vencer o jogo contra seleções reconhecidamente de capacidade inferior. Acabam, entretanto, ganhando o jogo seja pela capacidade técnica, seja pelo poder da indignação, da persistência e, possivelmente, por saberem que são melhores do que os adversários, enfim, parecem simplesmente saber que é preciso ir lá e fazer o serviço, aniquilar o adversário, porque é disso que deles se espera.
Pois na Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves, cujos trabalhos acompanho há muitos anos, sinto uma acomodação impensável até pouco tempo atrás. Vamos tentar lembrar esta mesma legislatura, cujos titulares tomaram posse em janeiro de 2017. Utilizavam a tribuna com assiduidade, falavam firme. Alguns ainda tremiam um pouco diante do microfone, mas pareciam lobos novos desafiando o status quo estabelecidos. As sessões raramente terminavam com menos do que três horas de duração. Afinal, como me advertira uma querida amiga que havia passado pela Casa: coisa de primeiro ano. Ela tinha razão.
Vejam só: tão logo recaiu a suspeita de que poderia ter havido pagamento de propina para vereadores na votação de uma emenda do Plano Diretor, a tal indignação voltou. O microfone foi usado e abusado. Mas o desejo de investigar e de punir quem cometeu a indiscrição descrita como falaciosa, não aconteceu. A Câmara e seu vereadores não querem investigar a verdade e punir quem “mentiu”.
Agora a este deslize do vereador Mazzochin. Ele vai à tribuna e chama parte da população e da imprensa de podres por estarem comentando a foto indiscreta da assessora paga com dinheiro público que apareceu na rede social do próprio vereador. Vou sublinhar: uma foto nua da chefe de gabinete de 19 anos na rede social do vereador que a emprega. E a comissão de ética diz que não foi provocada. Dão a entender que nenhum dos vereadores viu ou ouvir falar do caso. Só a parte podre da população e da imprensa viram e falaram.
O vereadores Pasqualotto e Tonietto, no que devem estar acompanhados pelos demais membros da comissão de ética dizem que a comissão nada pode fazer porque nenhum vereador fez representação. Ora, mas não seria exatamente este o papel de um vereador que compõe a tal comissão? Sugiro a estes vereadores a imediata renúncia à função. Não são dignos dela. Ou estarão sendo mal orientados pelo corpo jurídico da Casa?
Volto a reiterar algo que temos dito na rádio Amizade. A esta altura a foto da assessora em rede social já não é o principal. A causa é maior é reconhecer que as relações de trocas de favores na hora de preencher Cargos em Comissão muitas vezes são impróprias e até promíscuas.
Sou eleitor e tenho ainda a esperança de ver o vereador que escolhi tendo a capacidade de entender o que o povo sem mandato enxerga. Distinguir entre o certo e o errado desvestindo-se de favores. Ao resolverem sequer investigar os atos de seus colegas, os vereadores da comissão de ética ficam da mesma altura deles. A assessora está nua, o rei está nú e os vereadores estão fragilizados, pelo menos até que algum deles se vista de indignação para mostrar que é melhor do que outros que não sabem honrar a cadeira que ocupam.