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Vereador apresenta parecer e pede suspensão de permuta de terras entre Prefeitura de Bento e Incorporadora

O assunto será examinado pelo MP, mas a Lex Empreendimentos assegura que está colocando imóveis de valor superior aos que receberá na troca, além de benfeitorias ao município

A área demarcada, de 3,4 ha, será entregue pela municipalidade para que a Lex em troca de outros terrenos de valor superior, segundo avaliação de mercado

Alvo de um pedido de vistas do vereador Moisés Scussel na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Bento na segunda-feira, 11, o Projeto de Lei Ordinária 045 voltou a ser assunto na sessão do dia 18. O PLO, propõe troca de áreas de terras entre a municipalidade e o a incorporadora Lex. O vereador Scussel não entende adequada a troca de dois imóveis que totalizam 34.950 mil metros quadrados, a serem cedidos pela municipalidade, por quatro terrenos que somados têm pouco mais de 3 mil metros quadrados que hoje pertencem à Lex.

Na sessão desta segunda-feira a professora Josceli Maria Piva Flamia, diretora da Escola Princesa Isabel, ocupou a tribuna livre para defender a permuta, uma vez que a escola será diretamente beneficiada com o negócio, pois o terreno que a escola usa há dez anos para atividades esportivas será definitivamente propriedade da municipalidade.

O vereador Scussel se debruçou sobre a questão durante a semana e produziu um parecer de dez laudas com fotos e imagens de satélite das áreas em questão, às quais visitou. Ele conclui o parecer propondo que a Prefeitura retire o projeto da pauta adequando-o de forma a ser mais vantajoso para a municipalidade.

Os sócios da empresa Lex, Ricardo e Ivo Siviero Filho lamentam que o vereador Scussel não tenha buscado mais informações junto à empresa, mas se dizem tranquilos quanto ao que foi proposto. “Em abril concluímos três anos de trabalho sobre o assunto e julgamos que o negócio favorece o município sim. A área de 1.500 metros quadrados que estamos cedendo à escola está encravada, mas ela é contígua à indústria Pomzan. Aquele pavilhão é nosso e poderíamos perfeitamente construir mais um pavilhão de 1.500 metros no terreno”, argumenta Ivo.

Outra cobrança do vereador é quanto ao cercamento da área que a empresa deve receber da prefeitura no negócio: a área já está cercada. Siviero concorda e explica: “Nós estamos trabalhando nesta negociação há muito tempo e aquele pedaço de terra fica entre dois pavilhões nossos e a área onde o município assentou indígenas. Fizemos isto para preservar nossa área, já que havia furtos, depredação e muita sujeira provocada pelos vizinhos”.

Caso a Prefeitura não atenda o pedido do vereador Scussel, que já disse ter definido voto contrário à aprovação do PLO, este deverá ir à votação na próxima segunda-feira.

NO MP

Nesta terça-feira o caso chegou ao conhecimento do Ministério Público estadual. Conforme o promotor Alécio Nogueira que informou ter sido aberta a “Notícia de Fato”, o que antecede a abertura de um inquérito. Num período breve o Promotor promete exarar um parecer.

Compare os argumentos

>> O que diz o Vereador:

1- O município sai em desvantagem ao ceder 34.950m² e receber em troca 4 terrenos com área total de 3.000m²

2- O terreno a ser entregue para a escola já é usado pelos alunos para prática esportiva, está encravado e poderia ser alvo de desapropriação;

3- Quanto à alegação de que o terreno situado no loteamento São Vendelino viria a ser cercado, Scussel adverte que este já foi cercado pela empresa sendo que ainda é área pública;

4- A área de 3,4 hectares no bairro Fátima poderá ser transformada em loteamento de até 75 lotes com valor médio de R$ 140 mil reais; Ou seja, é preciso levar em conta o valor futuro da área

5- Hoje a prefeitura entrega a área no Fátima aos loteadores e no futuro precisará desapropriar uma parte para fazer a ligação viária com o Barracão conforme um dos argumentos que defendem a realização do negócio;

>> O que diz a Lex Empreendimentos Imobiliários:

1-A avaliação de mercado dos terrenos é vantajosa para a prefeitura: R$ 1.309.952,50 (terrenos que o município cede) contra R$ 1.802.643,00 (terrenos que a Lex entrega);

2-O terreno a ser ofertado à prefeitura tem divisa com área industrial da própria Lex e poderia receber outro pavilhão industrial; além disso, por dez anos a empresa já emprestou o terreno à municipalidade;

3- Quanto ao cercamento do terreno situado no loteamento São Vendelino, a Lex alega que vem pleiteando o negócio há três anos e colocou a cerca para proteger seus pavilhões de furtos, sujeira e vandalismo provocados pelos vizinhos – em especial a comunidade indígena que está no local originalmente destinado a pavilhões industriais;

4- A área de 3,4 hectares poderá transformada em loteamento com no máximo 35 a 40 lotes pois é preciso descontar 30% para área verde, mais espaço de arruamento; ela consumirá pesados investimentos em infraestrutura e demanda anos de trabalho, por isso o valor futuro não deve ser levado em conta;

5- A ligação viária entre o bairro Fátima e o Barracão será feita pela empresa dentro da área negociada, não havendo necessidade de desapropriação nem ônus à municipalidade