Comportamento

Vacina contra dengue estará disponível no SUS a partir de fevereiro

O Brasil é o primeiro país com um sistema universal de saúde a oferecer acesso público a essa vacina

Vacina contra dengue estará disponível no SUS a partir de fevereiro. (Foto: Reprodução)
Vacina contra dengue estará disponível no SUS a partir de fevereiro. (Foto: Reprodução)

Em um marco histórico para a saúde pública brasileira, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibilizará, pela primeira vez, uma vacina contra a dengue. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, revelou hoje que o Ministério da Saúde decidiu incorporar o imunizante da farmacêutica Takeda à rede pública, um dia após a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) dar parecer favorável à inclusão do produto no programa público de imunização.

A decisão, baseada na análise da Conitec sobre relação custo-benefício e acessibilidade, coloca o Brasil como o primeiro país com um sistema universal de saúde a oferecer acesso público a essa vacina. Anteriormente disponível apenas em clínicas privadas, a vacina da Takeda agora será parte integrante do SUS.

A ministra Nísia Trindade afirmou que a vacinação está prevista para iniciar em fevereiro, coincidindo com o período de maior sazonalidade da dengue, que se estende até abril/maio. No entanto, devido à limitação na capacidade de produção do fabricante, uma vacinação em massa não será possível de imediato.

Os critérios para os públicos-alvo estão em fase de definição pelo ministério, mas estima-se que cerca de 3,1 milhões de pessoas possam ser vacinadas no primeiro ano da campanha. A Takeda se comprometeu a entregar aproximadamente 6,2 milhões de doses em 2024, sendo 1,2 milhão por meio de doação e 5 milhões pelo contrato de compra. O esquema vacinal consistirá em duas doses.

A ministra explicou que os critérios de priorização ainda não foram definidos anteriormente, pois o ministério só agora teve acesso aos detalhes sobre a capacidade de entrega da Takeda. A expectativa é que o Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) avalie faixas etárias e localidades prioritárias para a imunização.

Além disso, Nísia Trindade destacou a obtenção de desconto no valor da dose em relação às propostas iniciais da farmacêutica. Inicialmente, o custo era de R$ 170, mas, após negociações, o contrato foi estabelecido em R$ 95 por dose. O Ministério da Saúde considerou esse aspecto central para a decisão de incorporação ao SUS.

A vacina contra a dengue da Takeda, denominada Qdenga, demonstrou eficácia de 80% contra infecções e 90,4% contra hospitalizações nos estudos clínicos. Utilizando vírus vivo atenuado do sorotipo 2 da dengue, obteve registro da Anvisa em março de 2023 e já estava disponível na rede privada desde junho, com um custo entre R$ 400 a R$ 500 por dose.

O Brasil enfrenta a circulação simultânea dos quatro sorotipos da dengue, o que é considerado um cenário raro. A previsão de aumento de casos em 2024, especialmente no Centro-Oeste, impulsionou a expectativa para rápida incorporação da vacina. A iniciativa do Ministério da Saúde visa proteger a saúde da população diante desse desafio epidemiológico.

Além disso, Nísia Trindade revelou que o Ministério da Saúde está em diálogo com a Takeda para uma futura transferência de tecnologia do produto. Isso permitiria ao Brasil produzir o imunizante, aumentando a disponibilidade de doses a um custo mais acessível. A possibilidade de transferência de tecnologia está em discussão, e a ministra expressou otimismo sobre um resultado positivo, embora não tenha fornecido detalhes específicos sobre prazos.