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Um lugar para criar os filhos

Um lugar para criar os filhos

Nesse dia em que se comemora os 127 anos de emancipação político-administrativa de Bento Gonçalves, hoje eu peço licença a vocês pra festejar aqui essa terra bordada de parreirais.

A Bento Gonçalves querida, bordada de parreirais, terra estuante de vida, como diz o hino da cidade, não é a origem dos meus pais, mas é a terra que eu escolhi para criar os meus filhos.

E que, desde essa escolha, criados em Bento Gonçalves, eles amam a cidade como a sua, como a sua terra, como a cidade deles, como a cidade que os acolheu.

E eu me pego pensando que uma cidade que acolhe é as vezes até mais importante que a cidade que nos viu nascer, a cidade que é a mãe natural.

Porque, assim como mãe é quem cria, a cidade que nos acolhe é também nossa mátria, é também nossa mãe.

Nas tantas andanças dessa vida, já estive em muitos lugares, por meses ou anos, endereços diferentes, CEPs e DDDs, anos tantos longe da terra natal, que chego mesmo a sentir que não pertenço a um lugar e que a todos pertenço um pouco.

Sou de lugar nenhum, e hoje divido coração e mente em muitos lugares por força da profissão.

Mas é assim que tenho Bento Gonçalves dentro do meu coração e com toda a minha razão, e é isso que a torna especial: é a cidade que eu escolhi para criar os meus filhos.

E eu acho que essa, sinceramente, é uma das maiores declarações de amor que se pode fazer por uma cidade.

E hoje eu faço aqui essa minha declaração de amor particular a essa cidade que eu adotei.

Essa cidade que mantém uma linda relação com essa cultura original, a cultura dos pioneiros e dos imigrantes que trouxeram a bravura que compõe a pujança desse lugar.

Essa cidade que também acolhe todas as culturas, e todos que ficaram também um pouco mais italianos morando aqui. Os poloneses, os suecos, os espanhóis, os portugueses, os africanos, os migrantes de todos os lugares.

E hoje essa gente que vem de todos os lugares se mistura ao som da cidade. Hoje, a gente ouve uma miríade de sotaques que torna Bento Gonçalves ainda mais bela, que torna essa miscigenação que em Bento se faz muito presente ainda mais rica.

E ouvindo todos esses sotaques eu tenho a certeza que é assim que vamos forjar a Bento Gonçalves do futuro, mantendo as tradições e esse espírito da colônia, o respeito e a admiração pelas coisas dos imigrantes que aqui chegaram em condições muito mais precárias, e agregando o novo que sempre vem.

É assim que vamos construir a Bento Gonçalves do futuro, com os mesmos imigrantes e todos os migrantes.

Porque Bento Gonçalves é sim ainda hoje a terra dos italianos, mas também é a terra da diversidade. E é nessa diversidade que reside o meu amor por essa terra, e por essa gente que, eu tenho certeza, vai construir um futuro cada vez melhor.

A ti, meu melhor carinho, linda capital do vinho.