Enquanto tenta escapar das investigações e das ações penais, depois que entrou pra história como o primeiro presidente denunciado pelo crime de corrupção passiva no exercício do mandato na política tupiniquim, o temerário presidente Michel Temer tenta sobreviver no poder acusando seus acusadores, tentando convencer as panelas ainda quietas de que toda e qualquer acusação contra ele é uma peça de ficção e procurando acalmar o deus mercado, se agarrando à ideia de que sua saída ameaça a retomada econômica e as reformas.
Nem ele deve acreditar no que diz, mas o mais incrível é que tem gente que acredita.
Mas a verdade é que depois de tudo que se passou desde que o deus das maracutaias e das articulações politiqueiras o colocou no Planalto, o presidente hoje é uma caricatura.
Delatado e denunciado, a cada tentativa desesperada de não afundar no lamaçal da corrupção onde está chafurdando até o pescoço, o máximo que ele consegue é fazer a lama subir mais um pouco.
A verdade é que depois que a Polícia Federal comprovou a autenticidade da gravação da conversa de piquenique entre o presidente conivente e o bandido confesso, e ainda acrescentou mais detalhes sórdidos à conversa dos comparsas, nenhum chefe de governo teria condições se manter no poder em um país sério.
Mas, como aqui na república das bananas os interesses são outros, o próprio temerário ainda acha que, ladeado pela claque de asseclas paga com dinheiro público, goza de qualquer resquício de credibilidade pra culpar o assessor flagrado com a mala de dinheiro e achar que alguém vai acreditar que ele não tem nada com isso.
Só o mais incauto entre os botocudos.
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O certo é que, ao se agarrar à cadeira mais alta do palácio a qualquer custo, Temer faz um mal imensurável pro país, por que joga o que resta de credibilidade ao país por terra, porque indica que no jogo do vale-tudo pelo poder, o poder é mais importante que qualquer coisa, porque dá sinais que, pra continuar aboletado no terceiro andar do Planalto, abre o caixa raspado, aumenta o rombo nas contas e pode até mesmo lotear as reformas necessárias, que ficam a cada dia mais distantes com o avanço das investigações.
E ainda que vergonhosamente Temer consiga permanecer no poder e derrubar no Congresso a sequência de ações penais que já estão na cartucheira do procurador Janot, essa blindagem vai cobrar um preço muito alto.
Porque nenhum político sai ileso das urnas depois de apoiar medidas impopulares. Ainda mais essas, propostas por um governo que não tem nenhuma condição de sugerir ao país reformas que penalizam a população.
E porque nenhum eleitor vai perdoar a proteção a um presidente que mente e é desmentido a cada dia, e que, como disse o antigo cupincha Renan Calheiros, achou que poderia governar o Brasil influenciado por um presidiário de Curitiba.
Pensando bem, Temer é mesmo um presidente legítimo. O mais legítimo que uma republica de bananas poderia ter.
