Caxias do Sul

"Um conector de pessoas e de diferentes modos de encarar a vida", diz frei Moacir Molon sobre frei Borghetti

Velório e sepultamento do religioso ocorreram na tarde desta segunda (5), no Memorial dos Capuchinhos, em Caxias do Sul

"Um conector de diferentes pessoas, de diferentes modos de encarar a vida", diz amigo sobre frei Isaías Borghetti
Foto: Luca Roth/Grupo RSCOM

Amigos e familiares se despediram, na tarde desta segunda-feira (5), do frei Isaías Osébio Borghetti, em Caxias do Sul. Uma pessoa simples e compromissada em ajudar e em evangelizar por meio da comunicação são alguns dos adjetivos que traduzem Borghetti, segundo palavras de quem esteve próximo dele durante boa parte de seus 87 anos de vida.

“Ele sempre foi um conector de diferentes pessoas, de diferentes modos de encarar a vida“, resumiu o membro da Província dos Capuchinhos do RS e atual secretário provincial, frei Moacir Molon, amigo e colega de frei Borghetti por muitos anos no jornal Correio Riograndense.

Borghetti teve complicações de saúde ocasionadas pela doença de Parkinson. Há cerca de seis anos, ele recebia cuidados na Casa de Saúde São Frei Pio, da congregação, onde morreu na madrugada de hoje. O velório ocorreu na capela da casa, seguido da missa de corpo presente, às 15h, e do sepultamento no Memorial dos Capuchinhos, na Igreja Imaculada Conceição.

Além de frei capuchinho, Borghetti era formado em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS). Em Caxias, além de trabalhar na redação do Correio Riograndense, assessorou o setor de rádios ligadas às fundações dirigidas por integrantes da Província dos Capuchinhos do RS e foi professor do curso de jornalismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Já em Porto Alegre, Borghetti foi diretor executivo da TV Difusora durante a primeira transmissão ao vivo de televisão a cores do Brasil, durante a Festa Nacional da Uva de 1972. Também integrou as diretorias da Associação Gaúcha de Rádio e TV (Agert) e do Sindirádio.

Para o ecônomo-geral da Associação dos Freis Capuchinhos do RS, Alceu Ferronato, Borghetti se descobriu através da comunicação. Essencial à profissão, a verdade e os fatos eram um compromisso do religioso, conforme o amigo.

“Ele, primeiramente, foi um religioso, um frei capuchinho. E ele descobriu a possibilidade de evangelizar pelos meios de comunicação. Então, se deu conta do quão importante são os meios de comunicação quando se quer evangelizar, quando se tem um objetivo de contribuir, quando se tem um projeto de sociedade que a gente quer construir“, afirmou Ferronato.

Molon acrescenta que Borghetti escreveu fascículos educativos e religiosos de programações para emissoras de rádio. A facilidade com trâmites burocráticos, junto ao Ministério das Comunicações, por exemplo, foi outro atributo registrado pelo secretário provincial.

“Eu lembro de alguns que a gente publicou há muitos anos que eram conjuntos de 60 programas que eram distribuídos para emissoras de rádio. Então era um tipo de trabalho evangelizador”, disse.

Para além das contribuições concretas, tinha sensibilidade. Na ótica do ecônomo-geral Ferronato, Borghetti era uma pessoa de fácil trânsito, “onde ele chegava, ele se sentia em casa. Essa facilidade de relacionar-se com as pessoas também o tornava amigo de todo mundo”.

“Ele era uma pessoa extremamente simples. Sempre buscava ajudar os outros”, finalizou.

Trajetória

O Frei Isaías Borghetti ingressou no Seminário Santo Antônio, de Vila Flores em 1950, completou o ensino médio em Veranópolis, Ipê e Marau. Fez o noviciado em Flores da Cunha, com profissão em janeiro de 1957 e votos solenes em janeiro de 1960. Formou-se em Filosofia pela FAFI de Ijuí (1961). Estudou Teologia no Convento São Lourenço de Bríndisi, em Porto Alegre (1962 a 1966), tendo sido ordenado sacerdote em 18 de dezembro de 1965. Era sobrinho do irmão capuchinho Fr. Fortunato Macagnan, falecido em 1967.

De 1966 a 1989 viveu e atuou em Porto Alegre, como membro da Fraternidade São Lourenço e, nos últimos cinco anos com residência na Casa Divino Mestre. Começou atuando na programação religiosa da Rádio Difusora Porto Alegrense e depois, também da TV Difusora; integrou a direção da Rádio e TV Difusora (de 1977 até a transferência para a TV Bandeirantes); coordenou as atividades do Centro de Produção e Edições (CPE). Em vários períodos integrou diretorias da Associação Gaúcha de Rádio e TV (Agert) e do Sindirádio de Porto Alegre, merecedor de diversas homenagens do setor da radiodifusão.

Em Caxias do Sul integrou o Conselho Municipal de Assistência Social de 2008 a 2011, representando a LEFAN, e foi homenageado pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI-Serra Gaúcha) e pela ADCE-Serra. Bacharel em Comunicação Social pela Famecos-PUC-RS, também foi professor e participou de vários congressos na área da imprensa católica no país e no exterior. Na área artística, integrou o coral “Assim Cantam os Capuchinhos”, de 1954 a 1964.

Também foi editor e gerente comercial do jornal Correio Riograndense e assessorou o setor de rádios ligadas às fundações dirigidas por integrantes da Província dos Capuchinhos do RS. Celebrou 50 anos de sacerdócio em 2015, recebendo, também, o título de cidadão emérito de Marques de Souza (RS).