Depois de passada a celebração do Natal e enquanto esperamos as esperanças renovadas com o ano novo, chegamos esta semana naquela fase de reflexão que nos permite olhar com certo distanciamento o ano que se encerra e projetar o que vem. E eu confesso pra vocês que, daqui de onde vejo o mundo, as perspectivas não são das melhores.
E assim, à primeira vista, 2017 parece que termina do jeito que começou: com um governo afogado em denúncias de corrupção, mas mantido no poder por um Congresso espúrio e um Judiciário conivente, um governante no auge da impopularidade que posa de estadista que leva o país rumo à salvação, com os trabalhadores se defendendo contra o que consideram a retirada de direitos por parte do governo, antes com a reforma trabalhista, agora com a da previdência, e anestesiado com as notícias alvissareiras de melhora na economia sendo desmentidas no dia a dia do aumento escorchante dos preços.
E se as manifestações contra a reforma da previdência ao menos garantiram que a votação ficasse para fevereiro de 2018, o ano que chega nos aguarda com a expectativa de que o pior ainda está mesmo por vir.
A verdade é que o ano que se encerra agora trouxe de volta fantasmas do nosso passado: a ganância do poder econômico e a conivência do estado; o poder do dinheiro controlando os destinos da nação; a democracia de fachada para encobrir o autoritarismo dos dominantes, a ousadia dos poderosos de plantão.
Um ano marcado pela falta de diálogo e pelo desequilíbrio.
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Por isso, nós não podemos desejar outra coisa para 2018 senão coragem, bom senso e alegria para saber discernir o certo do errado, o necessário do exagero, o justo do abuso.
Porque 2018 será sim um ano decisivo para o nosso futuro, um ano em que será preciso contar com toda a nossa capacidade de enfrentar uma realidade que teima em nos cobrar um preço que não podemos mais pagar.
Mas, se um ano novo é sempre uma promessa de renovação, que ela seja benfazeja.
Porque, se tem uma coisa que aprendemos com vocês a cada dia deste ano é que existe, em cada praça, em cada local de trabalho, em cada ônibus lotado, em cada bairro e em cada cidade desse estado muito mais criatividade e capacidade do nosso povo para encontrar a energia necessária capaz de produzir uma nova realidade pra todos.
