O mês de setembro foi o mais violento na história recente de Bento Gonçalves. Oito homicídios foram registrados na Capital do Vinho e, segundo a polícia, 90% dos casos foram causados pelo envolvimento com o tráfico de drogas.
O delegado da 2ª Delegacia de Polícia, Álvaro Becker, se diz assustado com tanta violência em um único mês. “Eu tenho 40 anos trabalhando por aqui e nenhum desses anos eu vi um mês tão violento como esse de setembro, haja visto os homicídios consumados e tentados ocorridos na cidade”, compara.
O primeiro caso ocorreu no bairro Juventude, no dia 3 de setembro, onde uma andarilha identificada como Mara Regina Gonçalves Teixeira, de 39 anos foi morta a facadas em um terreno.
O segundo caso ocorreu no Eucaliptos, quando Mateus Alves, de 23 anos, foi morto com um tiro na cabeça na madrugada do dia 10. Um outro caso no Eucaliptos ocorreu no dia 17, quando Daniel Barros de Souza, 25 anos, foi encontrado sem vida em frente a um bar.
No início da madrugada do dia 20, Leomar Geraldo, 33 anos, foi alvejado com vários tiros quando estava na rua Fiorello Bertuol, nas proximidades de uma fruteira, no bairro Borgo.
No Tancredo Neves, no dia 21, foi morto Isaías Cabral da Luz, 21 anos, vulgo Checho, assassinado com um disparo de calibre 12.
No bairro Progresso ocorreu um caso, quando Leonir Alves da Silva, de 31 anos, foi morto com três tiros na praça na noite do dia 22.
No dia 27, morreu no hospital o jovem Gabriel André da Silva Gaieski, de 16 anos que internado desde a noite do dia 25, após ser baleado no Residencial Novo Futuro, bairro Ouro Verde.
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Um homem identificado como Nelson Inácio da Silva de 46 anos foi morto com cinco tiros quando estava no bar, em que era proprietário, no dia 28 na rua Lajeadense, no bairro Municipal.
O 25º assassinato do ano e o oitavo do mês de setembro ocorreu no Vila Nova II, quando Flávio Rebolho Machado, 40 anos, foi morto na sexta-feira, dia 29, com mais de 15 disparos.
Para o delegado Álvaro Becker, o maior número de casos é devido ao envolvimento com o tráfico de drogas, sendo o acerto de contas e traficantes que querem retomar os pontos no município as principais motivações.
“São pequenos traficantes que pegam a droga de traficantes maiores e provavelmente gastam o dinheiro, não pagam e daí os grandes traficantes vem cobrar. Também tem o fato de traficantes presos e quando veem alguém tentando pegar seu ponto, há uma comunicação de dentro dos presídios para que sejam eliminados, sendo a briga por tráfico algo que nos assusta”, confessa.
Ainda que a disputa por pontos de tráfico esteja no horizonte deste aumento da violência, o envolvimento de facções criminosas não está comprovado na cidade. Recentemente, alguns vídeos circularam nas redes sociais, onde supostos membros da facção “Bala na Cara”, da região metropolitana de Porto Alegre, estariam na Serra Gaúcha para acertar contas com a facção “Os Mano da Serra” em Caxias do Sul. Porém, o delegado desconhece a existência de alguma ramificação em Bento Gonçalves.
“Embora a gente tem notado que em redes sociais estão publicando vários vídeos, que eu espero que o pessoal não leve a sério, porque a maioria é fake. Eles aproveitam o momento de instabilidade na sociedade devido ao número de crimes para então insuflar mais ainda a comunidade. Então, muita calma nessa hora, eu não tenho conhecimento desses Manos da Serra estarem em Bento Gonçalves, mas também não posso dizer que não, porque há muitos fatos que estão ocorrendo aqui e que fogem ao nosso conhecimento”, ressalva o delegado.
Faltando três meses para encerrar o ano, Bento Gonçalves atingiu 25 homicídios, um a mais do que todo ano passado. O número de assassinatos vem aumentando ano após ano.
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