A fogueira das vaidades em que se tornou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o julgamento da chapa Dilma-Temer deve terminar hoje, e, ao que tudo indica, o resultado será uma inacreditável absolvição.
Mas qualquer que seja o resultado final daqui a pouco, o certo é que essa decisão infelizmente não vai ser a tão esperada chance pro país sair definitivamente do buraco da imoralidade em que se meteu.
A verdade é que nesses dias de julgamento pra decidir se a chapa vitoriosa nas eleições de 2014 cometeu mesmo os crimes que até o asfalto quente da Esplanada dos Ministérios em Brasília sabe que cometeu – aliás, os mesmos crimes que cometeu também a chapa derrotada encabeçada pelos tucanos, esses mesmos que pediam a cassação da chapa mas que agora fazem parte do governo ameaçado – o que mais se viu foi o show de egos dos juízes inflados pela audiência nacional como pavões que mostram suas coloridas caudas pra encantar pela aparência e não pelo conteúdo.
Afinal, que outra alegoria caberia tão bem num Gilmar Mendes mais preocupado com as câmeras da emissora de tevê ou com o coquetel de lançamento do livro do colega ministro do que com a verdade que deveria prevalecer no julgamento?
Ora, dane-se a verdade, parecem dizer vossas excrecências.
Corrupção, propina, caixa dois, delação da Odebrecht? Nada disso importa. Os nobres ministros vão absolver Dilma e Temer pra manter o governo dos corruptos e provar definitivamente que não interessa passar o país a limpo, e que aquela história de que primeiro tiramos uns, depois tiramos outros era mesmo pura balela pra botocudo dormir de verde e amarelo. E não acordar mais.
“Vossa excelência tem que pedir desculpas a si mesmo”, disse a certa altura um relator envergonhado com a pantomima de uma das tantas pavonices de vossa calamidade, o presidente do tribunal.
Mas Gilmar Mendes nunca pede desculpas, nem a nada e nem a ninguém. E vamos combinar que agora é mesmo tarde demais pra desculpas.
Porque ninguém aqui do outro lado quer espetáculo dos senhores juízes, e sim sobriedade e discrição e, claro, que eles façam a gente lembrar de algo que pelo menos se pareça com justiça.
Mas o que a gente vê é exatamente o contrário.
E o que a gente vê é a consolidação inescrupulosa de um mal ainda maior que lula, maior que aécio, que dilma ou temer.
Um mal que, como o urubu que espreita o que logo logo será carniça, ameaça a todos do alto de sua cátedra de magistrado e do esvoaçar de sua toga.