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Terceiro turno

Terceiro turno

Um cenário imprevisível se descortina na política caxiense no início desta semana. É que, a partir de amanhã, caso não aconteça nada fora do roteiro, os vereadores de Caxias do Sul vão começar a analisar o pedido de cassação do prefeito Daniel Guerra.

Mas vamos combinar aqui que é bem difícil a gente acreditar que um pedido de impeachment do prefeito Daniel Guerra possa prosperar na câmara de vereadores, mesmo com os ânimos acirrados e com muita gente por lá louca pra derrubar o governo.

Porque é preciso ponderar que esse é um momento muito delicado e que não se pode agir como se a cassação de Guerra fosse um terceiro turno de uma eleição que ainda não acabou.

Porque é preciso, antes de qualquer coisa, esquecer os interesses da política, comprovar o crime de responsabilidade, e depois ainda medir as consequências.

Porque essa é sim uma decisão política, é claro, mas é preciso que os vereadores tenham os olhos postos no futuro da cidade.

Porque Daniel Guerra foi eleito por uma margem muito grande de votos e, portanto, tem amplo apoio popular, e é preciso, acima de tudo, menos da lei, respeitar a vontade do povo.

Porque um pedido de impeachment é sempre uma ruptura em qualquer situação, e qualquer ruptura vai cobrar um preço muito alto.

Porque o que vem depois é sempre uma incógnita.

E, nesse caso, com o vice-prefeito Ricardo Fabris sendo talvez o pior inimigo do governo que o elegeu desde o início do mandato, esse ponto de interrogação é ainda maior.

O certo é que entre hoje e amanhã, muita coisa vai acontecer entre a prefeitura e a Câmara, porque, pra ser aceito, o pedido de impeachment deve ter dois terços dos votos na Câmara a favor de que se abra o processo contra o prefeito.

Estamos falando aqui que 15 dos 23 vereadores, ou melhor, 22, porque o presidente só participa em caso de empate, devem votar a favor da abertura deste processo, o que, convenhamos, não é tarefa fácil, mesmo contra um governo sem apoio no Legislativo.

A verdade é que o governo guerra ainda é um governo incipiente, um governo que nem completou um ano, e que, portanto, tem crédito para continuar, e até pra se reinventar, se for preciso, e seguir adiante.

A verdade é que estamos diante de um impasse provocado pela intolerância de ambos os lados, do governo e da oposição, e que é esse impasse que precisa ser ultrapassado.

Porque, ainda que o processo não seja nem aberto, é preciso dizer que um sinal de alerta se acendeu para o governo de Daniel Guerra.

Porque, depois deste episódio, será preciso dialogar mais, será preciso compor mais e impor menos.

E será preciso entender, definitivamente, que a eleição já passou, e que o governo Guerra precisa ser, de uma vez por todas, o governo de todos os caxienses.