Depois da divulgação das afirmações dos donos da JBS de que gravaram o presidente Michel Temer avalizando pagamentos para que o ex-deputado Eduardo Cunha não fechasse um acordo de colaboração com a Operação Lava-jato, Temer desmentiu as acusações em nota emitida na noite da quarta-feira, dia 17, cancelou toda a agenda marcada para esta quinta-feira, dia 18, e deve fazer um pronunciamento.
Entre os compromissos, estavam encontros com deputados federais, estaduais, senadores, presidentes de partidos. No site do Planalto, a agenda foi substituída para “despachos internos”.
Depois de cancelar os encontros, o presidente se reuniu com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).
Na nota, Temer afirmou que “jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha”, que está preso em Curitiba. A nota diz que o presidente “não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar”.
De acordo com a Presidência, o encontro com o dono do grupo JBS, Joesley Batista, foi no começo de março, no Palácio do Jaburu, e o comunicado diz ainda que Temer defende a investigação para apurar todas as denúncias reveladas na noite da quarta-feira.
Conforme as denúncias, o empresário Joesley Batista teria gravado, em aúdio, um encontro onde Temer teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e ao doleiro Lúcio Funaro, para que esses ficassem em silêncio. As gravações teriam sido entregues ao Ministério Público Federal (MPF) como parte do acordo de delação premiada do empresário.
Entre as repercussões das acusações contra Temer, tanto oposicionistas quanto aliados defendem o afastamento do presidente. Na avaliação da base, houve um movimento desesperado do presidente.
Se Temer não optar pela renúncia, ele poderia sofrer um processo de impeachment ou ter o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que volta a julgar, no mês que vem, a ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer.