Ninguém sabe ao certo que país emergirá após o dia 24 de janeiro quando o ex-presidente Lula terá seu recurso no TRF 4 julgado. Porto Alegre estará ocupada e a decisão favorável ou contrária vai causar descontentamentos enormes. Há exacerbações, há exageros, ameaças, gente pensando no armagedon.
Está subindo o tom dos comentários, das reportagens, dos jornalistas engajados. Depois de muito tempo andei dando uma olhada na coluna do Mendelski e no blog do ex secretário de Estado Políbio Bragal. Lembrei porque, apesar de boas e inéditas informações acerca da economia e do setor privado do Rio Grande do Sul, eu havia deixado de segui-lo. O homem é a encarnação do ódio ao PT e tudo que se afaste de um estado mínimo e liberdade integral ao mercado e outras teses liberais. Mas as vociferações contra o lulopetismo não me permitem esquecer que há vida inteligente na direita radical, e deve haver na esquerda também. É a cegueira e a intolerância que me inconformam e afastam.
E por falar em tensão, foi completamente outro o clima para que o presidente Michel Temer e sua assessoria respondessem às 50 perguntas da Polícia Federal que investiga se o presidente teria recebido favores para ampliar o prazo de concessão na exploração de portos. Suspeita-se que a beneficiada Rodrimar tenha, de alguma forma, retribuido o favor ajudando o hoje residente com dinheiro.
Imagino mesmo que Temer e seus assessores estivessem confortáveis em seus gabinetes com ar climatizado. O único esforço foi tentar simular uma certa indignação diante das perguntas “capciosas” e até “ofensivas”. Ora, desejavam o que de uma investigação sobre a possibilidade de corrupção? Numa inquisição por escrito reduz-se a quase zero a chance do interrogado cair em contradição, o inquisidor não pode desenvolver toda sua sagacidade e levar o interrogado a qualquer tipo de brete.
Enfim, tirando esta pequena indignação demonstrada em duas perguntas, as outras todas foram respondidas com enorme facilidade e o adverbio não presente na maioria delas. Negar, negar, este é o mantra dos políticos suspeitos sempre. O ônus da prova, afinal, é de quem acusa e não produzir prova contra si é pressuposto fundamental. Então, não houve muitos tons de cinza nas respostas de Temer, o delegado que o interrogou cumpriu sua tarefa. O diretor geral da PF, que esta semana se reuniu com Temer numa visita fora da agenda oficial, deve estar respirando aliviado. Segue este jogo de poder e dominação em que o povo age de acordo com um roteiro predeterminado sendo açoitado diretamente pela vida e pela montanha de más notícias da economia. Que venha o dia 24.