Uma tecnologia semelhante à usada para dissolver pedras nos rins permite a desobstrução das artérias coronárias e, assim, restabelecer a passagem normal do sangue pelos vasos sanguíneos do coração. O procedimento, chamado de Litotripsia Intravascular, foi utilizado pela primeira vez no Rio Grande do Sul, no Hospital Moinhos de Vento. Três cirurgias foram realizadas nesta última terça-feira (21), com um método considerado o mais moderno na área de cardiologia.
De acordo com o Coordenador da Unidade de Angiografia Cardiovascular do Hospital Moinhos de Vento e responsável técnico geral pelos procedimentos, Marco Wainstein, o maior inimigo da angioplastia coronária é o cálcio. Por muito, foi quase impeditivo tratar lesões coronárias muito calcificadas. Mas com a chegada de novas tecnologias, como o equipamento Shockwave, esse cenário está mudando.
“Essa tecnologia utiliza método semelhante a litotripsia para dissolver pedras de cálculo renal. São por ondas de som pressóricas, inseridas por meio de um balão que chega até o local a ser tratado, que provoca o amolecimento da lesão do cálcio e permite que possamos então tratar a coronária”, explicou o médico.
O especialista também destacou que esse método diminui o risco de perfuração em comparação com a técnica convencional utilizada, que é a Aterectomia Rotacional, também conhecida como Rotablator. Ao todo, foram seis profissionais da saúde envolvidos com os procedimentos.
A chefe do Serviço de Cardiologia, Carisi Polanczyk, ressaltou que a Litotripsia Intravascular, com a tecnologia Shockwave, em breve deve ser incorporada aos métodos de tratamentos da instituição. “O Hospital Moinhos de Vento conta com profissionais com reconhecimento nacional e internacional e dá mais um passo importante na busca de novas tecnologias e métodos que beneficiem e tragam qualidade de vida aos pacientes”, frisou.
Procedimentos com sucesso
Os procedimentos foram realizados pela equipe de Cardiologia Intervencionista do Hospital Moinhos de Vento, com os médicos Marco Wainstein, Rogério Sarmento Leite, Rodrigo Wainstein, André Mânica e Luis Carlos Bergoli.
Odette Antoniutti Parisotto, de 85 anos, estava internada com quadro de insuficiência cardíaca (quando o coração não está bombeando sangue suficiente para atender às necessidades do corpo), de difícil controle e com graves obstruções da coronária direita. A cirurgia transcorreu bem e a equipe médica acredita que, ao tratar essas obstruções, a paciente possa melhorar o seu quadro clínico, além de possibilitar mais qualidade de vida.
Luciana Parisotto, filha de Odette, disse que o procedimento foi um sucesso e elogiou toda a equipe do Hospital Moinhos de Vento pela atenção, comprometimento e competência. “Nossa mãe foi salva hoje com essa tecnologia de ponta disponível aqui no nosso Estado. Está esperando se recuperar para voltar a viajar e passear conosco”, enfatizou.
Após já ter colocado um stent, um tubo expansível utilizado para restaurar o fluxo sanguíneo na artéria coronária e trazer um ritmo quase normal, outro paciente de 82 anos, do sexo masculino, também foi submetido ao procedimento inovador. O que se pretende é que o stent fique aberto da forma adequada com o uso dessa nova tecnologia, já que inúmeras outras formas foram testadas e não tiveram sucesso.
O terceiro paciente tem 72 anos, do sexo masculino, e já havia sido submetido a uma cirurgia de revascularização miocárdica e com infarto do miocárdio, sem Síndrome Coronária Aguda, e que tinha lesões extremamente calcificadas, reflexo de stents mal extendidos.
Segundo o Dr. Wainstein, os três procedimentos foram realizados com sucesso e os pacientes se recuperam bem. Para o médico, um paciente com obstrução na coronária tem impactos negativos na sua qualidade de vida, gera cansaço, fadiga, falta de ar, dor no peito e até mesmo infarto. “É muito bom poder oferecer esse procedimento. Com isso podemos minimizar alguns sintomas, além de, no longo prazo, melhorar a sobrevida dos pacientes”, afirmou.
Fonte: Hospital Moinhos de Vento