Uma expressão matemática e uma questão de semântica podem resumir a prestação de contas que a direção do hospital Tacchini fez à sociedade na noite desta terça-feira. O hospital aportou 22 milhões de reais para suprir valores que faltariam aos atendimentos no SUS. Mas o valor já não é considerado um déficit e sim, como definiu presidente do Conselho de administração Daniel Ferrari, um investimento em saúde pública.
O Valor é pouco inferior aos 24 milhões de reais aportados pelo Fundo Nacional de Saúde para o mesmo fim, ou seja pagar os atendimentos de pacientes do SUS. Estes atendimentos ao Sistema Universal de Saúde representam praticamente 64% do total de atendimentos feitos pela instituição.
Pelo segundo ano seguido foram reunidos líderes comunitários, representados pelos presidentes de associações de bairros, imprensa e autoridades municipais para que a direção prestasse contas sobre os investimentos e planos do Hospital. O diretor de relações com o mercado Humberto Godoy enfatizou que é importante a comunidade continuar apoiando o Tacchini, “talvez não seja por acaso, mas por competência na gestão, que sejamos o único hospital da cidade”.
O diretor superintendente Hilton Mâncio destacou dois outros aspectos: agradeceu o apoio de vereadores e deputados pelas emendas parlamentares obtidas nos últimos anos. “Foi só com estes recursos que conseguimos manter investimentos em tecnologia nestes anos difíceis”. Ele adiantou que em 2018 já será possível investir com recursos próprios. A troca de camas nos apartamentos destinados aos associados do Tacchimed – são 60 mil associados – é um destes investimentos. O outro dado é que, ao contrário do que ocorrera em 2016, quando os atrasos nos repasses da União, Estado e Município, somados, chegaram a três milhões de reais enquanto hoje este atraso é de apenas R$ 172 mil.
Entre os investimentos realizados no último ano R$ 1.288.000, foram revertidos para melhorias em edificações. Em aparelhos e equipamentos foram investidos R$ 5.311.000,00.
Já a diretora técnica do Tacchini, a médica Roberta Pozza destacou avanços na área médica. Houve redução média de internação por paciente de 6,3 dias nos anos de 2015/16 para 5,9 dias no ano seguinte. Índice que se mantém neste início de 2018. “O risco que um hospital oferece ao paciente é semelhante ao risco de uma usina nuclear, então estamos nos comprometendo e buscando a adesão das famílias para esta redução do tempo de internação. De quebra ainda conseguimos oferecer o mesmo leito para atender mais pacientes”, destacou a médica explicando que o risco para os pacientes internados se deve à grande quantidade de germes presentes e às diferentes portas de entrada que o interno tem, por sua debilidade ou por cateteres ou ainda cortes ou drenos.
Na ocasião a diretora técnica também anunciou o programa Parto Adequado. Por ele será perseguida a redução de partos por cesariana. “Veja, não estamos apregoando o parto normal acima de qualquer aspecto. Queremos o parto normal onde ele é possível, para pacientes de baixo risco. Hoje 56% dos partos são normais. A meta é em pouco tempo, talvez um ano, elevar este índice a 75%.
Números
O déficit ou “investimento em saúde pública” no tamanho de 22 milhões de reais tem explicação. A tabela do SUS não foi reajustada em 2017. Assim o SUS paga R$ 10,00 para cada atendimento médico, o restante precisa ser coberto pelo hospital. Além deste, outros custos seguiram subindo e o Tacchini absorvendo. No final, para cada real recebido o hospital aportou R$ 0,67 como complementação.
63,94% dos atendimentos prestados pelo Hospital foram via SUS. Confira abaixo como eles estão distribuídos e como foram custeados
Atendimentos SUS
-185.000 atendimentos
-7.908 internações
– 31.296 exames de imagem
– 194.661 exames laboratoriais
– 16.143 sessões de radio e quimioterapia
– 4.326 cirurgias
Fontes de receita para financiamento do SUS
Fundo Nacional de Saúde R$ 24.400.410,00
Secretaria Estadua de Saúde – R$ 4.325430,00
Fundo Municipal de Saúde – R$ 4.164.620,00
Hospital Tacchini – R$ 22.135.300,00
Total R$ R$ 55.026.260,00