O impasse que envolve a situação de 76 trabalhadores na construção do novo moinho da Isabela em Bento Gonçalves, afastados do trabalho após o final de férias coletivas no início de janeiro, por conta das incertezas que cercam a obra realizada pela construtora S&N Engenharia para a M. Dias Branco, controladora da empresa bento-gonçalvense, pode ter uma solução a partir de uma reunião marcada para esta terça-feira, dia 23. Os operários não receberam os salários de dezembro.
Nesta segunda-feira, dia 22, eles estiveram no Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom) para tentar encaminhar uma solução, e realizaram uma manifestação em frente a empresa. Em duas reuniões com a direção, não houve avanços.
De acordo com o vice-presidente do sindicato, Ivo Vailatti, os funcionários foram dispensados por uma carta assinada pelo diretor de operações da construtora, Juliano de Assis Nogueira, informando que o contrato de prestação de serviços seria rescindido, O sindicato teria negociado o pagamento dos atrasados há 10 dias, o que não ocorreu.
Em resposta aos e-mails da reportagem do Leouvê, no final da tarde desta segunda-feira, a S&N informou que “sempre se colocou à disposição dos funcionários para a resolução de qualquer questão que porventura fosse levantada”, e revelou que as negociações com a M. Dias Branco estão em andamento para “buscar a melhor solução”, mas não esclareceu a situação dos trabalhadores nem a origem das questões com a contratante.
A M. Dias Branco também se pronunciou na tarde da segunda. Em nota, a empresa reiterou a realização das contratações de prestação de serviço “de acordo com a legislação em vigor” e garantiu que realiza, “quando necessário, a suspensão/cancelamento da prestação de serviços no caso de eventuais descumprimentos contratuais por parte do prestador”.
Esta não é a primeira polêmica envolvendo a obra da Isabela. Há cerca de um ano, o Ministério do Trabalho embargou a obra por considerar que os trabalhadores corriam riscos. Um dia depois, cerca de 200 trabalhadores cruzaram os braços para buscar equiparação salarial e denunciar falta de condições de trabalho, inexistência de equipamentos de segurança e falta de pagamento de direitos trabalhistas.