A elevada radiação solar e a insolação no plantio de uvas do verão de 2021/2022, somadas aos baixos volumes de chuva na Serra Gaúcha, contribuíram para uma boa safra de uva para o decorrer deste ano. No entanto, o quadro que apresenta déficit hídrico, pode prejudicar a safra seguinte, com redução de vigor das brotações e da produção, isso, de acordo com a recente atualização do Boletim Agrometeorológico da Serra Gaúcha, desenvolvido por pesquisadores da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e da Embrapa Uva e Vinho.
O pesquisador da Embrapa Henrique Pessoa dos Santos, revela haver uma variabilidade muito grande de profundidade no solo dentro dos parreirais da região, que faz com que as plantas também sofram com a estiagem, comprometendo a quantidade e a qualidade da produção nestas subáreas. “Como esse quadro de estiagem está se repetindo em três anos consecutivos, o que a gente alerta é que os produtores avaliem suas propriedades e verifiquem a possibilidade de investir em irrigação“, explica, informando ainda, que o aumento da luminosidade, somada a exposição à radiação solar potencializam a maturação e sua uniformidade, e o tempo seco, evita o surgimento das doenças fúngicas, que normalmente ocorrem quando há chuvas nesse período.
A captação de água e o investimento em sistemas de irrigação se apresentam como opções para evitar déficit hídrico na próxima safra, levando em consideração que a média de chuvas em 2021 teve uma variação muito pequena com relação à normal climática. “A distribuição dessa chuva é que foi diferente, mais concentrada no inverno. Se o produtor investe em captação e reservatórios para ter essa água disponível no momento da safra, ele tem a garantia de produção com qualidade se ocorrer problemas em ciclos seguintes. É uma realidade que não pode ser descartada depois de passarmos por esses três anos“, finaliza o pesquisador.
A publicação traz recomendações fitotécnicas de manejo dos vinhedos até o início do inverno, como a cobertura do solo, com espécies espontâneas ou cultivadas, para melhoria da estrutura, da fertilidade e do armazenamento de água. Além de Henrique, também assinam o documento a pesquisadora Amanda Heemann Junges, da Seapdr, e os pesquisadores Lucas da Ressurreição Garrido e Giuliano Elias Pereira, da Embrapa Uva e Vinho.
Fonte: Revista da Fruta