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Setor de eventos perde 82% de faturamento em Caxias do Sul

Setor de eventos perde 82% de faturamento em Caxias do Sul

Imagine ficar mais de um ano sem poder trabalhar, ter dificuldades para fazer pagamentos e precisar pegar empréstimos na expectativa de uma retomada breve, que não se concretiza. Após 15 meses, entre aberturas, fechamentos e flexibilizações, você segue precisando arcar com compromissos pré-pandemia e buscando inovar, criando produtos e serviços na esperança de sobreviver financeiramente e emocionalmente. Essa é a realidade do setor de eventos, que vem sofrendo duramente com as restrições impostas pela Covid-19.

Para medir os impactos do segmento em Caxias do Sul, o Núcleo de Informações de Mercado da CDL do município realizou, entre os dias 14 e 16 de junho, um levantamento junto ao HUB de Eventos da entidade, que concentra profissionais de sonorização, iluminação e imagem, organizadores de eventos e cerimoniais, espaços de eventos, decoradores, floriculturas, alimentos e bebidas, fotografia e filmagem, locação de materiais e vestuário para festa. O resultado? Redução de 82,4% no número de eventos e queda de 81,8% no faturamento. Esses e outros dados foram apresentados à Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), em reunião nesta quarta-feira (16), para ampliar e alterar normas existentes (leia mais abaixo).
40% das empresas podem fechar entre 3 e 6 meses

Dos 57 participantes do HUB de Eventos da CDL Caxias que responderam à pesquisa inédita sobre os prejuízos do setor, quase 40% afirmaram que, caso as restrições e inseguranças geradas pelo abre e fecha do segmento sigam, eles conseguirão manter suas empresas abertas de 3 a 6 meses. Entretanto, mesmo com as dificuldades impostas, outros 49,12% não pensam mais em fechar seus empreendimentos.

Quase 70% dos profissionais ligados ao segmento acreditam que o setor de eventos terá uma retomada gradativa, mas lenta, e apenas 12,28% sustentam a possibilidade de ser progressivo e rápido.

Entre as alternativas para enfrentar a crise, 61,40% dos entrevistados disseram que renegociaram a data do evento, 28% criaram novos produtos ou serviços focados no digital ou com entrega a domicílio e 19,30% deles precisaram sair temporariamente do ramo. Outras opções de ações para vencer a crise foram: eventos híbridos, festa drive-in, evento em casa com transmissão on-line aos convidados, criação de vídeos e podcasts, entre outros. Quase 50% buscaram criar algum tipo de parceria para superar o momento e 35% disseram recorrer a diversos profissionais para ajudar na sobrevivência do negócio.

Se pré-pandemia 51% dos integrantes do HUB realizavam mais de 10 eventos por mês e outros 30% promoviam entre cinco e nove projetos, durante a crise do coronavírus 84,21% dos entrevistados revelaram que este número não chega a dois eventos e apenas 14% disseram que realizaram, em média, de dois a quatro por mês.

Mais da metade dos participantes contaram que, até o momento, conseguiram reprogramar menos de 10 eventos previstos, 14% ajustaram de 25 a 30 projetos e outros 14% não conseguiram programar novamente. Cerca de 32% dos entrevistados disseram que mais da metade de seus eventos reprogramados foram cancelados e 35% deixaram de fechar trabalhos em função dos clientes não entenderem as restrições de público e custos adicionais de cuidados extras com a segurança dos convidados e equipes. Quase 37% dos profissionais precisaram assumir o pagamento dos valores atualizados para não perder os poucos eventos. Apenas 5,26% afirmaram que os clientes entenderam a situação, e os eventos foram realizados com menos pessoas e com custo maior.

Das empresas entrevistadas, 29,82% não tinham funcionários, mas contratavam terceiros quando necessário, 31,58% tinham menos de cinco colaboradores e 24,56% entre cinco e nove profissionais. Mais de 56% dos associados tiveram queda no número de funcionários. Quase 20% das empresas usaram linha de crédito emergencial para pagamento da folha, 17,54% anteciparam as férias da equipe e 33,33% disseram que não tiveram como evitar as demissões.

Cerca de 19% afirmaram que deixaram de contratar mais de 100 profissionais por causa da pandemia, 17,54% não contrataram entre 20 e 40 pessoas e 49,12% não puderam contratar menos de 15 trabalhadores.

Ainda de acordo com o levantamento da CDL Caxias, quase 40% dos associados tiveram muita dificuldade para honrar os pagamentos, 38,60% tiveram que renegociar com fornecedores, 36,84% atrasaram alguns pagamentos e 26,32% precisaram de empréstimos.

HUB de Eventos da CDL Caxias pleiteia flexibilizações junto à Amesne

Na tarde desta quarta (16), o HUB de Eventos, representado pelos gestores e associados Sidnei Staudt e Venilton Demori, o presidente da CDL Caxias, Renato S. Corso, e equipe interna da entidade estiveram reunidos com a coordenadora do Comitê Técnico Regional e com o secretário Executivo da Amesne, Marijane Paes e Sérgio Olímpio Rasador, na sede da CDL. O grupo apresentou argumentos para alterar e ampliar as permissões.
Entre os pleitos, estão a autorização para mesa de doces e antepastos – tendo em vista a liberação de buffet em restaurantes –, flexibilização de pista de dança exclusiva para noivos e debutantes e ampliação do tempo de permanência no evento ou retirada de período pré-determinado. O grupo também solicitou ajuste na capacidade de convidados e equipe de acordo com parâmetros de PPCI, divisão de regramentos entre eventos sociais e corporativos, testagem de convidados para projetos com mais de 100 pessoas, além de adaptar as diretrizes para festividades externas.
“Desde o início da pandemia, o setor de eventos está sendo um dos mais impactados. O que buscamos são alternativas para que nosso segmento funcione de forma segura para todos e sustentável para as empresas. A instabilidade desse abre e fecha prejudica a nossa retomada. Muitos clientes não se sentem seguros em agendar um evento, seja ele social ou corporativo, com receio de que as regras mudem novamente. Mais uma vez, tentamos mostrar que podemos sugerir alternativas viáveis para a sobrevivência dos negócios e seguras para equipes e convidados. A Amesne prometeu analisar com atenção as nossas demandas e que levaria os pleitos ao presidente da associação, Fabiano Feltrin, e para a reunião dos prefeitos”, conta Venilton Demori, um dos seis gestores do HUB de Eventos da CDL Caxias, que é proprietário de uma casa de eventos. A empresa dele é uma dos 19,30% associados ao grupo no segmento de espaços para festas.

“Um dos nossos maiores pleitos são a ampliação das flexibilizações dos eventos sociais, que reúnem apenas núcleos familiares ou pessoas do seu ciclo de convivência. Baseado nas medidas restritivas dos projetos corporativos, entendemos que as normas deveriam ser as mesmas para ambos”, complementa o empresário.