A aposta de produtores rurais, vinicultores e organizações do setor é que a safra da uva de 2018 seja reconhecida pela qualidade. Quem acompanha o início da colheita, este ano antecipada em torno de 15 dias em relação ao período normal, percebe que o setor está otimista com o desenvolvimento da produção até agora, com uvas que apresentam boa qualidade e altos níveis de graduação de açúcar, o que aumenta a expectativa por bons sucos, vinhos e espumantes em 2018.
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e também presidente da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho/RS), Oscar Ló, o comportamento do tempo foi fundamental para a evolução da qualidade. “Devido à regularidade das chuvas e às uvas estarem amadurecendo com clima mais seco, vamos ter uma excelente qualidade. O clima está mais seco, as uvas estão com a sanidade melhor”, avalia ele, projetando um período maior de colheita.
Segundo ele, as primeiras uvas para processamento, de variedades precoces, estavam adiantadas por conta do pouco frio feito no inverno e começaram a ser colhidas na segunda quinzena de dezembro, cerca de 15 dias antes do período normal. Por outro lado, as variedades tardias estão maturando no período considerado normal, por conta das noites mais frias em dezembro, o que pode prolongar a safra gaúcha até março.
Se a qualidade mantém a expectativa do produtor em alta, os vitivinicultores projetam um volume 20% menor que o colhido no ano anterior, quando o estado registrou a maior colheita da história, com 753 milhões de quilos de uva em 2017, depois da quebra recorde em 2016, com perda de 57%. A estimativa é que a vindima 2018 totalize cerca de 600 mil toneladas da fruta destinadas ao processamento.
As primeiras uvas entregues ao processamento ainda em dezembro foram das variedades Bordô, Niágara, Violeta, Concord, Pinot Noir e Chardonnay, por exemplo, foram as primeiras a serem colhidas no Estado. Neste mês, as vinícolas estão recebendo também as Merlot, Riesling Itálico e Glera (Prosecco), e em fevereiro e março serão a vez das Cabernet Souvignon e Franc, Tannat, Moscato Branco, Isabel e Trebbiano.
“Contabilizando todas as uvas, independente do destino, e incluindo o consumo in natura, acreditamos que devam ser colhidas cerca de 750 mil toneladas da fruta em todo o Estado. Se mensurássemos apenas as uvas para processamento, destinadas a elaboração de vinhos, espumantes e sucos de uva, acreditamos que este número passará para, aproximadamente, 600 mil toneladas”, prevê Enio Ângelo Todeschini, engenheiro agrônomo e assistente técnico regional de fruticultura da Emater.
O tempo deve ajudar o restante da colheita, apontam os estudos meteorológicos da Embrapa Uva e Vinho. Segundo o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, as previsões climáticas previstas para o auge da safra 2018, no primeiro mês do ano, deverão se manter positivas para que se colham as uvas com a maturação adequada. “Os prognósticos meteorológicos apontam para uma influência moderada do La Niña até o final de janeiro, ou seja, uma incidência de chuvas abaixo do normal, o que favorece a maturação e, consequentemente, a boa qualidade das uvas. Estamos acompanhando as previsões, mas ainda é precipitado falar de fevereiro ou março”, ressalva.