Caxias do Sul

Sem público e imprensa: o julgamento do caso Naiara em Caxias do Sul

Tribunal do Júri é um dos mais aguardados da última década na cidade

Sem público e imprensa: o julgamento do caso Naiara em Caxias do Sul

O Tribunal do Júri o qual será submetido Juliano Vieira Pimentel de Souza, 34 anos, réu confesso por estuprar e matar a menina Naiara Soares Gomes, de apenas sete anos, em 2018, é um dos mais, se não o mais esperado da última década em Caxias do Sul. O julgamento começou na manhã desta quarta-feira (2) no Fórum e não tem hora para acabar. É fato que, dois anos e oito meses após o crime que chocou Caxias do Sul, o Júri atrai olhares de todo o Rio Grande do Sul pela brutalidade aplicada contra uma criança de sete anos de idade.

Local onde o corpo de Naiara foi encontrado em 21 de março de 2018 (Foto: Maicon Rech/Grupo RSCOM)

Souza está preso desde o dia 21 de março de 2018, quando confessou o crime e foi encaminhado para o sistema penitenciário. A data bate com o encontro do cadáver de Naiara, nas imediações da barragem do Faxinal, interior de Caxias do Sul.

O réu pode ser condenado a pena de 63 anos de prisão em regime inicial fechado por conta do estupro, morte e ocultação do cadáver da menina. O autor confesso foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por homicídio triplamente qualificado (por asfixia, com recurso que dificultou a defesa da vítima e para assegurar a impunidade de outro crime), estupro (duas vezes) e ocultação de cadáver. Já a defesa, por parte de defensor público, deve sustentar que Juliano seja condenado por estupro de vulnerável com qualificador da morte culposa, ou seja, não intencional de Naiara.

Fotos: Paula Brunetto/Grupo RSCOM

Público e imprensa não devem acompanhar o Júri. A Promotoria de Justiça chegou a pedir, em 30 de abril do ano passado, para que o julgamento ocorresse com portas abertas, mas o pedido não foi acatado e, ainda por conta da pandemia em 2020, mais restrições foram aplicadas.

A CRONOLOGIA DO CRIME BRUTAL

O desaparecimento

Era o início da manhã de um 9 de março em 2018 quando Naiara Soares Gomes, de sete anos, sumiu. A família, preocupada, começou buscas de imediato pelo paradeiro da criança que havia saído de casa, no Monte Carmelo, e ido em direção à Escola Renato João Cesa, no bairro São Caetano. Naiara, naquele dia, não chegou ao destino. Ela foi raptada quando estava na Rua Júlio Calegri, região do bairro Esplanada.

A prisão e o encontro do cadáver

21 de março de 2018. 12 dias após o desaparecimento de Naiara, o desfecho brutal. Juliano Vieira Pimentel de Souza foi preso em casa no bairro Serrano, local onde o veículo dele, um Fiat Palio de cor branca, utilizado no rapto da menina, também foi localizado. Vestígios no local apontaram que o crime havia sido cometido naquele imóvel. Souza, na hora, assumiu o crime e conduziu os policiais até o local onde ocultou o cadáver de Naiara, perto da barragem do Faxinal, em uma área de mata em estrada vicinal. O desparecimento que já preocupava, agora tornava-se crime e um dos mais brutais da história do município.

A despedida

O enterro da menina Naiara Soares Gomes ocorreu por volta das 16h da quinta-feira, 23 de março de 2018, que dificilmente será esquecida em Caxias do Sul. Pela manhã e no início da tarde, centenas de pessoas foram até a Capela Mortuária Santo Antônio, no bairro Esplanada, prestar a última homenagem à Naiara. Depois de uma missa celebrada pelo Bispo Dom Alessandro Ruffinoni, o corpo de Naiara seguiu em cortejo pelos bairros Esplanada, Kayser, Rio Branco e São Pelegrino, até chegar ao cemitério público municipal. Lá, cerca de 300 pessoas deram o último adeus à menina.

Outra condenação

Juliano Vieira Pimentel de Souza foi sentenciado a 16 anos, seis meses e 10 dias de reclusão por ter estuprado outra menina da mesma idade em 2017. A sentença foi expedida pela 3ª Vara Criminal de Caxias do Sul. O crime ocorreu quatro meses antes de Juliano ter raptado, estuprado e assassinado Naiara, de 7 anos.