
Por trás do sorriso largo, do jeito espontâneo e do apelido que ficou conhecido no Brasil afora, existe um Francisco que nem todo mundo conhece. O “Chico Vendedor Raiz” é mais que carisma, reviews de botecos e conversa boa: é pai de duas Marias que mudaram para sempre seu jeito de ver o mundo; Maria Eduarda, de 16 anos, e Maria Luiza, de apenas 2 anos e 5 meses.
Chico lembra que a chegada da Duda foi como abrir uma nova porta na vida.
“Foi quando conheci o amor incondicional. Um sentimento de estar completo”, diz.
Mais do que ser pai, ele entendeu que cada atitude tinha um peso, que cada gesto passaria a ser exemplo.

Mas a história da família também é feita de lutas. Depois de complicações na primeira gestação, os médicos não acreditavam que Vivi, esposa de Chico, pudesse ter outro filho. Em 2022, uma gravidez de um menino — o Francisquinho — reacendeu a esperança, mas o bebê não resistiu.
“Foi um momento duro, mas mostrou que ainda havia chance”, conta. Um ano depois, a vida surpreendeu: nasceu Malu, pequena, frágil, mas forte o suficiente para mostrar que milagres existem.
Pai que ensina e aprende
Quando fala das filhas, Chico se transforma. A voz fica mais suave, o olhar mais profundo.
“O que me surpreendeu foi a troca de aprendizado. Eu ensino, mas também aprendo demais. Comecei a entender melhor meu pai e minha mãe. É gratificante demais viver isso.”
Todos os dias, ele tenta deixar nas Marias sementes de valores que acredita serem eternos: honestidade, humildade, respeito, assumir os erros, fazer a coisa certa pelo motivo certo.
“Quero que saibam que a vida é boa, mas a gente precisa fazer a nossa parte, que ser careta também é legal”.
Entre o raiz e o ‘nutella’
Ao ouvir a pergunta sobre ser pai raiz ou pai nutella, Chico cai na risada. “Tenho um pouco dos dois. Depende do momento. Pra algumas coisas sou raiz; pra outras, talvez nutella. Não é certo ou errado, é jeito de ser.”
A paternidade também quebrou barreiras dentro dele. Criado em um tempo e ambiente muito machista, Chico admite que mudou.
“Elas me mostraram o quanto idiota eu era. Aprendi a ser menos egoísta.”
Se pudesse deixar uma única lembrança para as filhas, ele responde sem pensar: “Que o pai delas não era perfeito, mas fazia sempre o melhor que podia. Que o Chico era um cara legal.”
Até na hora de chamar atenção, Chico imprime seu estilo: às vezes a bronca vem parcelada “no cheque 30, 60, 90 e 120 dias”; outras, “à vista, sem curva”. Firme quando precisa, mas sempre com amor por trás de cada palavra.
Neste Dia dos Pais, a história de Francisco Cechin Júnior é mais que um retrato pessoal. É um espelho de tantos pais que acordam cedo, trabalham duro, educam pelo exemplo e fazem da presença o maior presente. Pais que, como o Chico, sabem que ser pai não é só gerar — é estar, cuidar, ensinar e aprender.
Porque, no fim, ser pai raiz é isso: ter raízes firmes no amor e deixar que delas cresçam frutos para toda a vida.
