Agro Rural

Secretaria da Agricultura orienta mudanças de cultivo durante a primavera no RS

(Foto: Fernando Dias/Seapdr/Divulgação)
(Foto: Fernando Dias/Seapdr/Divulgação)

A primavera deve ser neutra este ano, mas com possível redução da umidade atmosférica e de chuvas nas regiões Norte e Oeste do Estado. É o que aponta o Boletim Trimestral do Conselho Permanente de Meteorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), referente aos meses de outubro, novembro e dezembro.

A evolução da temperatura do Pacifico Equatorial neste último mês indica tendência de se manter dentro do padrão de neutralidade durante a primavera. Mas intensificação dos ventos alísios poderá causar redução de umidade atmosférica com possível redução das chuvas na parte norte e oeste do Estado, especialmente entre outubro e novembro. As temperaturas tendem a permanecer em geral pouco abaixo do padrão em algumas regiões do Rio Grande do Sul em função da alta regularidade na passagem das massas frias.

O documento destaca que, durante a primavera, é comum ocorrer aumento do vento, o que causa aumento considerável da evaporação. “Salientamos a importância de preservar as reservas naturais [de água], especialmente pela possível redução de chuva em alguns períodos, a qual pode ocorrer, mesmo em anos neutros, dada a elevada variabilidade da precipitação pluvial no Estado”.

Orientações técnicas:

Culturas de inverno
Tendo em vista o prognóstico de chuvas dentro da média climatológica, a colheita das culturas de inverno deve ocorrer sem grandes problemas. Os produtores devem providenciar a revisão das colhedoras, em especial, do sistema de distribuição da palha.

Arroz
Para aquelas áreas que ainda não estão prontas para a semeadura, dar continuidade à adequação das áreas, principalmente às atividades de preparo, sistematização do solo e drenagem, para possibilitar a semeadura na época recomendada pelo zoneamento agrícola, de forma a aproveitar melhor as melhores condições de radiação solar e evitar as temperaturas baixas no período reprodutivo da cultura;
Para as semeaduras entre o mês de setembro até meados de outubro, quando a temperatura do solo é baixa, atentar para que a profundidade de semeadura não seja superior a 2 cm, a fim de evitar redução no estande de plantas e a consequente desuniformidade no estabelecimento inicial da cultura;

Para as áreas que já foram semeadas, o produtor deve ficar atento às chuvas mais intensas, comuns de ocorrer durante o mês de outubro, e assim, priorizar a drenagem da área após a semeadura, evitando prejuízos no estabelecimento inicial da lavoura;
Considerando a tendência de chuvas dentro do normal durante a primavera, recomenda-se que os produtores fiquem atentos para a questão da captação e armazenamento de água para a fase final da safra, pois mesmo o ano sendo neutro, existe o risco de se ter estiagens curtas durante o verão, principalmente.

Feijão
Escalonar a época de semeadura e, se possível, utilizar mais de uma cultivar, respeitando o zoneamento agrícola; Fazer inoculação das sementes.

Milho
Escalonar a semeadura para diminuir a possibilidade de coincidir o período crítico da cultura (do inicio da floração até grão leitoso) com as épocas de maior demanda evaporativa; pois, mesmo em anos neutros, há possibilidade de perdas de grãos em função da falta de chuvas no período crítico; Realizar a semeadura quando a temperatura do solo, a 5 cm de profundidade, estiver igual ou acima de 16°C.

Soja
Planejar a semeadura de acordo com o zoneamento agrícola;
Escalonar a época de semeadura da soja em função dos grupos de maturação, usando cultivares de diferentes grupos de maturação para evitar eventuais perdas em função de deficiência hídrica no período crítico.

Fruticultura
Em pomares nos quais houve eventual perda de frutos em função da ocorrência de geadas, adotar o manejo usual do dossel vegetativo em relação a podas e aplicações de defensivos químicos, a fim de assegurar a produção da safra seguinte;

Atenção na conservação do solo, principalmente em pomares de encosta, preservando a cobertura verde da área para evitar perdas de solo por erosão e escorrimento superficial. Em locais/períodos de eventual ausência de precipitações pluviais, controlar a altura desta vegetação de cobertura para favorecer o balanço hídrico;

Controlar o excesso de crescimento vegetativo das frutíferas, visando garantir maior sanidade e uniformidade de maturação dos frutos. Adotar uma adubação equilibrada (sem excesso de nitrogênio) e nos locais/períodos de maior precipitação pluvial intensificar a poda verde para organização do dossel, com desbaste, desponte e desfolha, favorecendo aeração e insolação dos frutos;

Adotar o manejo de raleio manual ou químico para ajuste da carga de frutos, conforme as orientações técnicas de cada região/cultivar, para favorecer o desenvolvimento dos frutos neste período inicial do ciclo;

Seguir o manejo fitossanitário recomendado para a cultura, com a identificação correta do agente causal nos primeiros sintomas. Atenção nesta fase inicial do ciclo onde as brotações são mais suscetíveis, principalmente às doenças fúngicas.

Silvicultura
Em povoamentos florestais, deve ser evitada a adubação mineral ou orgânica com elevadas concentrações de nitrogênio;

Para produção de mudas florestais em céu aberto, caso o viveirista tenha necessidade de aplicar fertilizantes, deve aumentar a relação potássio/nitrogênio da formulação mais indicada para cada espécie e estádio.

Forrageiras
No manejo de plantas forrageiras, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, através de cargas animais moderadas;
Escalonar os períodos de plantio/semeadura das forragens cultivadas no verão utilizando mudas/sementes de alto vigor;

Indica-se fazer silagem de cultivos e pastagens de inverno/primavera, visando garantir maior disponibilidade de alimento no verão para as categorias de rebanhos mais exigentes.

Piscicultura
Neste período de fim do inverno e início da primavera, em que ainda ocorrem temperaturas mais baixas alternadas com temperaturas mais elevadas, com previsão de temperaturas mínimas e máximas um pouco abaixo da média climatológica, é um momento que ainda requer alguns cuidados por parte dos produtores de peixes. Nesta época se retorna o manejo dos peixes, com possibilidade de retorno das taxas “normais” de arraçoamento, e também de intensificação da produção, bem como do preparo dos reprodutores para a reprodução.

Os produtores de alevinos começam a esvaziar seus tanques e a transferir os reprodutores entre o final de setembro e começo de outubro, e o manuseio dos peixes deve ser feito com muito cuidado, uma vez que o sistema imunológico dos animais após o inverno encontra-se debilitado, ainda sendo possível ocorrer infecções neste período.
Os animais mortos e/ou moribundos, com sinais de doenças, devem ser eliminados dos tanques.

Devem ser adotadas medidas profiláticas durante as despescas e transferências dos peixes para outros tanques, como a utilização de 6 kg de sal/1.000 L de água nas transferências.
Os produtores que irão comercializar alevinos e juvenis que passaram pelo inverno nos tanques de criação devem dar preferência àqueles que estiveram estocados em tanques que não tiveram problemas de qualidade de água durante o inverno.

Os alevinos e juvenis que estiverem sido expostos à condições de baixa concentração de oxigênio na água e/ou altas concentrações de amônia e/ou nitrito, poderão ser mais afetados pelo manuseio e transporte. Estes peixes, por não estarem em condições ideais de criação, precisam de um período de recuperação em tanques com boa qualidade de água, recebendo ração balanceada e de boa qualidade para que recuperem sua condição de saúde antes de poderem ser comercializados. Os animais mortos e/ou moribundos, com sinais de doenças, devem ser eliminados dos tanques.

Adotar boas práticas de manejo e manejo sanitário durante a produção ajudará que o impacto da saída do inverno seja favorável à saúde dos peixes. bConsultar, sempre que possível, um profissional capacitado para orientar o produtor.