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Saudades do Barão, ou o acordão e a delação do safadão

Saudades do Barão, ou o acordão e a delação do safadão


O saudoso jornalista gaúcho Aparício Torelly, mais conhecido como o Barão de Itararé, devia estar vivo hoje pra ver o horror da política tupiniquim, mas seu humor ferino ainda cabe certinho nos dias de hoje.

E eu lembrei de uma daquelas frases célebres do gaúcho depois que o nobre presidente do conselho de ética do Senado, o senador João Alberto, do PMDB, decidiu arquivar – vejam só, senhoras e senhores, por falta de provas – o caso do pedido de impeachment do senador tucano Aécio Neves, envolvido no episódio da propina paga ao seu primo nas delações da JBS e flagrado em conversas nada republicanas com o Joesley Safadão, com a irmã agora presa em casa, com o primo da mala e com o todo-poderoso ministro Gilmar Mendes, que aliás foi sorteado para ser o relator do processo contra o amigo mineirinho no Supremo e que, mesmo depois de toda a sua proximidade com o ninho dos tucanos, ele não se julgou impedido.

Afinal, de onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada, dizia o barão. E eu penso que ele diria o mesmo hoje com toda essa escancarada negociata pelo poder.

Mas como ele mesmo disse que negociata nada mais é que todo o bom negócio pro qual a gente não foi convidado, nos últimos dias ganhou força nos bastidores do Congresso a maior de todas elas: a articulação de um acordão pra salvar os mandatos do tucano Aécio Neves e de Michel Temer, os dois envolvidos até os gargomilos nas maracutaias que vieram à tona com a delação do safadão das carnes.

E não importam os crimes, as denúncias, as suspeitas, os indícios, as evidências, os telefonemas grampeados ou as conversas gravadas. O que importa mesmo nessa nossa república de bananas é a manutenção do poder a todo custo. A qualquer custo.

Por isso, nessa semana nós vamos assistir enojados e estarrecidos o PSDB se justificando por permanecer no governo dos corruptos, garantindo a base aliada do temerário presidente e dando aquela ajudinha decisiva ao governo quando a denúncia contra Temer por corrupção passiva e outros crimes chegar à Câmara, o que deve acontecer amanhã ou depois.

Pode escrever aí: se esse acordão valer mesmo e a vergonha na cara não for suficiente pra mudar o rumo dessa história, o supremo nem vai poder investigar as evidências de corrupção que a polícia federal listou contra o temerário presidente.

Afinal, como dizia o barão, um homem que se vende recebe sempre muito mais do que vale.

E assim, vamos ver um impávido, incólume e indolente PSDB comandando a farsa que não vai permitir que o supremo julgue Temer e, em troca, o PMDB joga por terra qualquer representação contra o emplumado tucano.

É bem assim: uma mão lava a outra, mas nenhuma fica limpa. Ao contrário, elas estão cada vez mais sujas da lama da corrupção e da imoralidade.

Mas a essa altura do campeonato, senhoras e senhores, desafortunadamente, parece que ninguém se importa mais.

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