Cidades

RS perde quase R$ 1,7 bilhão em ICMS após enchentes

Estado arrecada R$ 4,96 bilhões com imposto de 1º de maio a 12 de junho, 25,3% abaixo da previsão de R$ 6,64 bilhões

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Foto: Concresul/ Divulgação

Sob efeito das enchentes de proporções históricas, a arrecadação de ICMS no Rio Grande do Sul ficou 25,3% abaixo da previsão antes da crise climática. É o que aponta um boletim publicado pela Receita Estadual na sexta-feira (14).

Impacto na arrecadação

Segundo o órgão, a arrecadação do imposto projetada antes das enchentes era de R$ 6,64 bilhões para o intervalo de 1º de maio a 12 de junho. O valor efetivamente registrado, porém, foi de R$ 4,96 bilhões, representando 25,3% a menos que o estimado. Em valores absolutos, o estado deixou de arrecadar R$ 1,68 bilhão em ICMS.

Comparativo mensal

Considerando somente o mês de maio, a previsão da Receita Estadual era arrecadar R$ 3,97 bilhões em ICMS. O valor registrado, contudo, foi cerca de 17,3% menor, totalizando R$ 3,28 bilhões. Quando o período analisado vai de 1º a 12 de junho, a projeção era obter R$ 2,67 bilhões em ICMS, mas a arrecadação registrada (R$ 1,68 bilhão) ficou 37% abaixo da estimativa.

Aumento nos preços dos alimentos

Outro destaque do boletim é a variação dos preços médios de alimentos antes e depois das inundações no estado. Em uma lista de 38 produtos, a batata-inglesa teve o maior aumento, de 55,8%. O valor médio do quilo saltou de R$ 5,94 na semana de 21 a 27 de abril – a última antes das fortes chuvas – para R$ 9,25 entre 5 e 11 de junho. Outros aumentos significativos foram registrados no preço do tomate (47,8%), repolho (25,1%), leite (21,7%), vinho (17,4%), sal (16,5%), queijo (13,8%) e arroz branco (13,2%).

A catástrofe climática destruiu plantações de itens diversos no Rio Grande do Sul e causou estragos em rodovias e pontes, dificultando a logística de escoamento da produção.

Queda no preço da bergamota

A Receita Estadual indica que a bergamota, também chamada de mexerica ou tangerina no país, teve a maior redução de preço no período analisado: -27,1%. O valor médio do quilo diminuiu de R$ 5,47 para R$ 3,99. O órgão pondera que as variações dos preços também podem refletir outros fatores econômicos e sazonais, além dos impactos da enchente.

Impacto na indústria gaúcha

O boletim ainda aponta uma queda de 5,2% no volume de vendas da indústria gaúcha entre 15 de maio e 11 de junho, em relação ao mesmo período de 2023. As maiores baixas ocorreram nos ramos de insumos agropecuários (-22%), metalmecânico (-10,9%) e agroindústria (-7,9%). Por outro lado, as maiores altas foram verificadas em papel (31,3%), móveis (20,7%) e bebidas (14,1%).

Retomada e novas chuvas

O governo estadual afirma que todos os segmentos analisados já apresentam “sinal de retomada” após o momento mais crítico da crise climática. No entanto, o Rio Grande do Sul voltou a registrar chuvas no final de semana, o que elevou rapidamente o nível de diversos rios. Cidades do interior passaram a sofrer novamente com alagamentos, forçando centenas de moradores a saírem de casa e retornarem para abrigos.

*Informações UOL