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Repórter gaúcho relata momentos de tensão durante terremoto no Marrocos

Mais de 2 mil pessoas morreram no país, diz ministério; não há brasileiros mortos ou feridos, conforme Embaixada

(Foto: Redes sociais/Reprodução)
(Foto: Redes sociais/Reprodução)


O terremoto que atingiu Marrocos na última sexta-feira (08) devastou cidades e vilarejos da região, especialmente em Marrakech. São mais de 2 mil mortos e estima-se de que haja 300 mil pessoas afetadas pelo sismo de magnitude 6,8, além da marca de 1.400 pessoas feridas. Trabalhando em um evento com sua equipe em Marrakech, o repórter de Santa Maria, Gilberto Ferreira, relatou à reportagem do Portal Leouve que foram momentos “angustiantes”.

O profissional embarcou nos últimos dias ao solo marroquino juntamente com um colega da TV Diário de Santa Maria para fazer a cobertura de certificação dos novos geoparques mundiais da Unesco, em Marrakech. Eles integram uma delegação brasileira de cerca de 40 pessoas, e relataram o desespero na noite de sexta-feira. Ferreira e o amigo, após jantarem em um shopping, nem imaginavam o que iriam passar naquela noite.

Gilberto em Porto Alegre, antes do embarque para Marrocos – (Foto: Redes sociais/reprodução)

Pouco depois das 23h no horário local, (19h no horário de Brasília), Gilberto desceu de seu quarto no hotel para pegar um ar e ligar para a esposa, em um ambiente mais tranquilo. Nesse momento, o repórter foi surpreendido com um estrondo muito forte, e imaginou ser um avião caindo nas proximidades. “A gente tinha acabado de chegar de um shopping, onde estávamos jantando, aí entrei no quarto, troquei de roupa, coloquei uma bermuda e uma camiseta para dormir, e meu colega ficou deitado aqui na cama dele enquanto fui lá fora, no saguão do hotel, próximo às piscinas para conversar com minha esposa. Quando comecei a falar com ela, começou a dar uns estrondos, uns barulhos muito fortes. A primeira impressão que tive foi de que um avião estava caindo, pois aqui bem próximo de onde estamos hospedados, passam uns aviões a todo momento pois é rota do aeroporto”.

Percebi que era um terremoto que estava acontecendo…

Logo após, Ferreira relata ter começado os tremores, e as luzes acabaram se apagando. Na aflição de não saber o que realmente estava acontecendo, ele pensou em retornar ao seu quarto, quando de repente, alguém lhe puxa pelo braço. “Tive a vontade de voltar para dentro do hotel para ver como estava meu amigo. Aí, alguém chegou, me agarrou pelo braço e me tirou do hotel, me levando para a área das piscinas, aquilo foi muito rápido. Na hora, vi todo mundo chorando, falando em árabe, e não entendo nada do árabe. Quando ouvi alguém, em inglês, falando: ‘terremoto’. Aí percebi que era um terremoto que estava acontecendo”.

As cenas em que o gaúcho viu foram de extremo desespero. As paredes do hotel começaram a rachar, as águas da piscina transbordavam com os tremores, as pessoas correndo desesperadas e chorando, muitas também sem entender o que estava acontecendo. “Foi algo muito complicado, parece que o corpo vai para um lado, a mente pensa em ir para outro. Pensei ‘isso vai cair tudo em cima do meu amigo’. Quando enxerguei ele correndo me senti aliviado”, destaca Gilberto. O colega, em confidência com Ferreira, informou que no momento em que os tremores iniciaram, ele saiu correndo de seu quarto, apenas de bermuda. Enquanto corria, a estrutura de rebocos iam caindo pelos corredores, e até rachando algumas paredes.

O sábado

Em apenas 15 segundos o terremoto no Marrocos destruiu muitas vidas e causou grande destruição em Marrakech. Os profissionais ficaram do lado de fora, onde pernoitaram, devido aos riscos que ainda poderiam ter de que desabasse a estrutura do hotel ou de que houvesse um novo tremor. Após a noite de alerta, os amigos foram conferir como estava a cidade durante a manhã. “Foi um sábado bastante complicado, o próprio shopping que estávamos jantando, vimos vídeos dele sendo evacuado, com escadas rolante não funcionando, escadaria caindo. Nós voltamos à noite lá para ver a situação do shopping e ele está interditado”.

Divisão entre Cidade Nova e Cidade Antiga

Um dos pontos apresentados pelo repórter é de que a estrutura da cidade está dividida: de um lado Cidade Nova, de outro, Cidade Antiga. A delegação brasileira está hospedada em um hotel no lado novo da cidade, onde não ocorreram tantos danos, mas que foram bastante sentidos os tremores. O lado mais prejudicado e com tantas mortes foi o lado antigo, onde possuía construções mais envelhecidas. “A Cidade Antiga foi a mais afetada, pois é uma cidade feita de um modelo diferente de construção. Então foi muito mais afetada do que aqui nessa região onde estamos na parte nova de Marrakesh, como eles falam aqui, onde tem complexo hoteleiro, tem shopping, é uma parte mais bem estruturada. Claro que sofreu os impactos, mas não sofreu tanto como na outra parte da cidade”.

A equipe permanece em solo marroquino até esta segunda-feira (11). O evento de cobertura dos profissionais ocorreu durante o sábado (09), em uma tenda fora do lugar planejado, para segurança de todos.

Imagens: Gilberto Ferreira