Segundo levantamento do Mapbiomas, projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil, o pampa, vegetação predominante no Rio Grande do Sul, é o bioma que mais perdeu vegetação nativa nos últimos 35 anos, em relação ao total de sua área. Os pesquisadores analisam imagens de satélite entre 1985 e 2020. A descaracterização da campanha já atinge 21,4%. São 2,5 milhões de hectares nativos perdidos. Segundo o coordenador da pesquisa, o professor Rainrich Hazenak, o principal motivo é o crescimento da atividade econômica na região, agricultura em substituição da pecuária.
Foi justamente quando o cultivo de soja começou no Brasil, economicamente passou a ter representatividade, e como toda a economia primária estava abatida, os incentivos fiscais vieram, na época, focados para soja e trigo. E isso fez com que muitos policultores, desses agricultores familiares que plantavam de tudo um pouco, migrassem para a soja e, naquela região o solo é favorável, então juntou o útil ao agradável, em prejuízo à vegetação nativa”, conta Hazenak. Segundo o professor, na última década o cultivo da soja avançou muito em áreas, mas produção não acompanhou. É preciso tecnologia para combinar crescimento sem precisar expandir em área plantada.
“A gente percebe que há muita área subutilizada ou que é mal utilizada pela agricultura. Não estou dizendo que os agricultores são maus agricultores, talvez eles precisassem de uma melhor assistência técnica para utilizar melhor, não estou dizendo que eles utilizam mal. Mas a terra que já foi convertida poderia render mais sem precisar avançar”, pontua o professor. A pesquisa traz ainda um dado preocupante: o pampa tem a menor proporção de unidades de conservação dentre os biomas brasileiros, apenas 3% do território é protegido, o que gera risco à região de perca de capacidade de restauração e afeta também espécies animais locais e migratórias, já que o pampa é referência para várias aves de outros países em algumas temporadas do ano.
*Com informações da Jovem Pan