Opinião

Recomponha-se, Ministro Napoleão

Recomponha-se, Ministro Napoleão


Mas vem cá tchê, cadê o tal Conselho Nacional de Justiça e o que ele estará fazendo a uma altura destas? Esta semana, afinal, serviu para que quem tentasse entender O Brasil, chegasse à conclusão de que é mesmo impossível tentar fazê-lo de forma responsável e coerente. Chegou ao fim na sexta-feira um dos julgamentos mais espalhafatosos e contraditórios de que se terá notícia no país em séculos. Pois é, contradição talvez seja o termo ara melhor definir o espetáculo visto. Ou seria cara de pau?

E que tal esta figura impoluta que responde pelo nome de imperador, o tal Napoleão o Ministro Napoleão Nunes Maia Filho? E é de se perguntar o que fará este cidadão quando não estiver na frente das câmeras de TV? O chilique ou faniquito que teve é digno daqueles chefes de facção criminosa que quando afrontado manda “subir” o seu inimigo. Só de raiva se eu pudesse, mandava passar uma tesoura naquelas melenas esbranquiçadas e desgrenhadas.

Mas falando sério, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral, tão acostumados a mandar repetir eleições nos mais recônditos municípios do país por onde surgiram provas de caixa dois, negam-se, por sua maioria, a fazê-lo quando algo maior está em jogo. Agem como avestruzes e socam a cabeça nas entrelinhas, ou nas filigranas processuais, como se costuma dizer, para não admitir o que o mais simples trabalhador consegue enxergar: o caixa dois reinou, reina e reinará – a partir deste desserviço do TSE – nas eleições do país.

Chega a ser absurdo o tipo de postura, de argumentação de falácias levantadas para justificar o injustificável. Não se trata de ser a favor ou contra Dilma/Temer ou quem quer que seja. Mas é preciso dar um basta a este descaramento. Gilmar Mendes está no topo da pirâmide social e intelectual brasileira e no rodapé da representatividade moral de nossos mandatários.

 

Ele depõe contra o poder que representa, o judiciário. Por mim, deveria ser, como de fato algumas redes sociais já propugnam, alvo de perda do posto – se é que isto seria possível. E mais, que seja “garoto propaganda” de uma campanha em favor do controle externo do Poder judiciário – que me perdoem os muitos juízes sóbrios e honestos deste país, mas quando um de seus maiores dignitários dá mostras de que passam à sua frente de maneira incólume ladrões, corruptos e malfeitores de toda a ordem sem que nenhuma medida seja tomada, é de se perguntar para que serve um Ministro desta envergadura.

Perdoem os que já sambem a frase de cor, mas é preciso citar Rui Barbosa:

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.