Opinião

Quem quer ser um milionário?

Quem quer ser um milionário?


Ser um milionário já foi um sonho distante para muita gente mas hoje qualquer remediado consegue um milhão. É verdade, pra quem ganha um salário mínimo este ainda é um sonho distante e muitas vezes inalcançável. O fato é que o termo milionário já não tem o mesmo significado de décadas atrás. Hoje a pergunta talvez devesse ser quem quer ser um bilionário?

Cabral, Garotinho, Gedel, com certeza viram este sonho muito próximo, mas acabaram indo para o inferno do sistema prisional que eles mesmos negligenciaram quando poderiam ter aperfeiçoado. Quem sabe se fossem bons governantes não estariam onde estão.

Mas hoje, vindo pra mais perto de nós, vejo aqui em Bento Gonçalves, pessoas vivendo momentos tensos. O Plano Diretor vai mudar e as pessoas sonham em ver sua casa ou terreno mudar de valor do dia para a noite. Se neste terreno se pode erguer um prédio de dois pavimentos ou um de 12, com certeza o valor vai mudar. A perspectiva de enricar aumenta.

Cresce a especulação, talvez numa estratégia de prevenção, de que alguma emenda mudando a altura dos prédios na Planalto e em todo o bairro São Bento possa mudar. Há preços pela compra de votos correndo a voz miúda. Não gosto de dar vazão a tais fofocas, mas desde que lá nos idos dos anos 90 um jornalista em São Paulo colocou de forma cifrada um anúncio classificado na Folha de São Paulo dando o resultado de uma licitação fraudada, algumas verdades ficaram claras: há preço para quase tudo; não há segredo que sempre dure e o Brasil tem tantos políticos corruptos quantas horas de sol por ano.

O advogado Alceu Medeiros publicou artigo em jornal aconselhando que os moradores do São Bento que não desejam alterações profundas em sua vizinhança, que preventivamente recorram à Justiça. Não deixa de ser uma medida boa e extrema e que só terá valia se alguma surpresa de última hora acontecer.

Até o momento, o jogo jogado na frente das câmaras e microfones, na audiência pública e em todas as discussões acerca da revisão do Plano Diretor indicam embates legítimos entre o querer, o gostar e o plausível. Tudo que vier de última hora e despertar suspeita merece repúdio e medidas drásticas. Cuidado, reputações podem estar sendo postas em jogo.

Até consigo respeitar que um determinado morador do bairro queira ter preservada a característica de sua vizinhança. Entendo que outo queira vender sua propriedade e experimentar a deliciosa sensação da redenção financeira.

O que me é de difícil entendimento é que alguns que já tem o suficiente para garantir abastança a quatro ou cinco gerações futuras, queiram ainda mais e mais e mais. Um moto contínuo da prosperidade infinita, da ganância. Sei lá, deve ser coisa pra psiquiatria.