Bento Gonçalves

Queda na venda de vinhos e sucos é drástica e preocupa

Queda na venda de vinhos e sucos é drástica e preocupa

Representantes da cadeia produtiva da uva, vinho e seus derivados estão reunidos nesta sexta-feira,22 em Bento Gonçalves para a 46ª reunião da Câmara Setorial da Vitivinicultura.

Autoridades governamentais e representantes das entidades ligadas ao setor mantém o encontro nas dependências do hotel Vitória Dall´Onder e na pauta estão, além das normais dificuldades e desafios enfrentados pelo segmento, o momento de forte retração na comercialização. Os vinhos finos de mesa, que já vinham de perdas no anos anterior, amargam redução de 22,19% entre janeiro e agosto deste ano em relação a igual período no ano passado. No mesmo período os vinhos de mesa tiveram queda de 5,5%, o que significa que, somados os dois tipos de vinho, a queda geral foi de 7,37%. Também houve perda significativa nos espumantes, na ordem de 15,3% e nos moscateis, 3,1%. Os dados foram apresentados pelo presidente da Fecovinho e vice-presidente do Ibravin, Oscar Ló.

Há uma outra preocupação que ronda o setor. A expectativa é de uma safra de grande volume, algo um pouco acima dos 800 milhões de quilos. Como as vendas caíram – além da crise da economia a falta de frio no inverno fez com que os vinhos não saíssem das gôndolas dos supermercados na velocidade deseja – deve haver excedente de vinho nos estoques. O volume considerado seguro para os estoques é de 150 milhões de litros. Mas em 2018 poderá ficar em 290 milhões de litros.

Sucos: menos vendas e preços em queda

Situação particularmente preocupante é a do setor de sucos concentrados. O presidente da Abrasucos – Associação Brasileira das Concentradoras de Sucos – José Carlos Estefenon mostrou em números que o setor vem perdendo mercado de forma drástica por conta da falta de competitividade. Entre os fatores que levam a esta situação elencou a política de fixação do preço mínimo da uva, elaborada pela Conab. “No Brasil pagamos R$ 0,92, o que equivale a praticamente 30 centavos de dólar, enquanto nos Estados Unidos se paga 22centavos de dólar pelo quilo.

O pesquisador da Embrapa José Fernando Protas lembrou que há ainda uma questão estrutural e não apenas as conjunturais para esta situação. “Precisamos evoluir no campo. As uvas para suco no Rio Grande do Sul alcançam 12 o 13 º babos, ou seja, precisamos de sete quilos de uva para concentra um quilo de suco, enquanto na região do São Francisco são necessários no máximo quatro quilos.

A comercialização de suco concentrado no mercado interno experimentou até agosto uma queda de 14,1%, sempre lembrando que o cenário já era de perdas em 2016. No mercado externo, Estefenon mostra que diante das cinco mil toneladas de suco concentrado exportados em 2009, este ano deverá fechar com a vende de apenas 1,4 milhões de quilos de uva. E mesmo assim com perdas significativas no preço final do produto: “Além de não podermos repassar a inflação, tivemos que reduzir o preço final para poder vender”, expões Estefenon.