A produção nacional de grãos no ciclo 2023/2024 deve chegar a 319,5 milhões de toneladas. A estimativa preliminar consta na 11ª edição das Perspectivas para a Agropecuária – Safra 2023/24, divulgada nesta terça-feira (19) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se concretizado, o volume será o segundo maior já colhido em toda a série histórica do levantamento. Para a soja, principal commodity de exportação brasileira, a estatal projeta um recorde 162,43 milhões de toneladas. Mesmo com os preços da oleaginosa em queda, a área de cultivo deve chegar a 45,3 milhões de hectares e a produtividade média das lavouras tende a crescer 2,22%, para 3.586 quilos por hectare.
“A tendência de preços baixos está associada a um choque de oferta, no qual estima-se uma produção mundial de soja para 2024 muito superior à demanda. Ainda assim, a rentabilidade se apresenta mais positiva, devido principalmente à redução nos custos de produção, em especial a queda de mais de 48% dos fertilizantes”, avalia o gerente de Produtos Agropecuários da estatal, Sérgio Roberto Santos.
Um cenário oposto é esperado para o milho. Segundo a Conab, os preços baixos atuais e projetados não prometem uma rentabilidade atrativa para a cultura, o que deverá se refletir na redução de área de plantio do grão no Brasil, especialmente na primeira safra (-5,4%) e na segunda colheita (-4,8%). A estatal estima que as três safras do cereal somarão 119,8 milhões de toneladas, número 9,1% inferior ao da temporada 2022/2023.
Após seguidos anos de diminuição de área, duas importantes culturas para o abastecimento interno apontam para uma recuperação no plantio. A Conab prevê que expansão em torno de 10,2% para a área cultivada com arroz na próxima safra, com um incremento de 2,4% na produtividade. A projeção se baseia na expectativa de melhora no cenário de preços, que, aliada a uma redução de custos da lavoura. Com isso, espera-se um aumento de 12,8% na produção, totalizando 11,3 milhões de toneladas.
Também é previsto um aumento na área semeada com feijão, o que pode ser explicado, em parte, pela expectativa de melhor rentabilidade frente às culturas concorrentes, como soja e milho, e pelo retorno mais rápido do investimento devido ao ciclo mais curto da cultura, entre outros fatores. Essa expansão, porém não será acompanhada de maior produtividade, em razão do retorno do El Niño. “Caso se confirme a presença desse fenômeno, possivelmente ocorrerá uma redução das precipitações na Região Nordeste e riscos de excesso de chuvas no sul do país, durante os períodos de colheitas”, destaca o gerente de Fibras e Alimentos Básicos da Conab, Gabriel Rabello. Apesar da tendência, a produção nacional deve se aproximar de 3 milhões de toneladas, o que, segundo a Conab, garante o abastecimento.
Na apresentação da publicação, o presidente da estatal, Edegar Pretto, observou que a área plantada com feijão e arroz no país na safra 2022/2023 foi a menor dos últimos 47 anos. “O estudo que hoje apresentamos traz uma boa notícia, que é a melhoria da área plantada desses dois alimentos, sinalizando que teremos mais comida na mesa do brasileiro”, disse.
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