Caxias do Sul

Projeto leva vida e cor às ruas do Bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, em Caxias

Mosaico na Quebrada busca visibilidade social para a comunidade

Foto: Fernanda Tomás/Grupo RSCOM
Foto: Fernanda Tomás/Grupo RSCOM

As escadarias mais coloridas de Caxias do Sul ficam localizadas no Bairro Euzébio Beltrão de Queiróz. O projeto de arte Mosaico na Quebrada vêm, desde o mês de dezembro, trazendo vida e cor para as ruas da localidade.

De acordo com o rapper, educador social e idealizador do projeto, Chiquinho Divilas, a ideia foi da própria comunidade, que se inspirou nas cidades do Rio de Janeiro, Recife, e países como México e Peru.

“A ideia surgiu logo após uma palestra/show. Eu faço intervenções de rap com educação nas escolas e junto com as atividades a gente apresentou um pouquinho dos elementos do hip hop, o grafite, dança, DJ, MC, e a gente faz um link com a educação escolar e seu cotidiano. E tinha um case que apresentava Pachuca, México, uma comunidade pobre na qual a própria comunidade, junto com poder público e empresas privadas, se organizou para colorir a quebrada. E quando apareceu essas casinhas, as crianças visualizaram aquela imagem no nosso bairro e questionaram ‘por que a gente não faz aqui’?”, relata.

A partir desse momento, unindo forças com as demais esferas e com o apoio do Instituto SAMbA, o projeto foi iniciado. O primeiro mutirão realizado na comunidade foi para a pintura das Escadas da Quebrada, ainda em dezembro de 2021, a porta de entrada do bairro, que liga a rua Bento Gonçalves com o antigo INSS.

E neste mês, a comunidade migrou para a pintura dos becos e casas localizadas às margens da Rua Cristóforo Randon. Aos poucos, as ruas, antes cinzas e apagadas, se tornam cheias de vida e cor. Segundo Divilas, o objetivo é tornar a região um ‘cartão-postal’.

“É propositalmente, estrategicamente colocado logo na entrada da cidade, para que a gente possa colocar um arco-íris, um colorido, a miscelânea da paz, para que a gente possa buscar a nossa tão sonhada visibilidade social”, explica. “Não é um Photoshop social, mas sim uma agenda permanente que o Beltrão de Queiróz a partir de hoje entra. Queremos estar nas discussões para melhorias, seja na educação, tecnologia, emprego, renda”.

A presidente do bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, Miriam Machado, reforça como o projeto é importante para a comunidade, começando a desconstruir o preconceito e a visão negativa que muitas pessoas têm sobre a comunidade.

“O projeto Mosaico veio pra somar na nossa comunidade, pela forma como as pessoas veem a nossa comunidade de forma negativa. E o colorido, a arte, veio para abrir caminhos e iluminar o Beltrão de Queiróz”, comenta. “Eu estou muito emocionada, porque meu sonho era poder olhar um dia para o Beltrão e dizer ‘eu fiz parte dessa história’, e colorindo o Beltrão eu tenho certeza que futuramente vai ser um bairro que vai ser visitado, vai vir gente pra tirar fotos, e eu vou olhar para trás e poder dizer que fiz parte dessa história e ajudei a fazer isso”.

Para o líder comunitário, Paulo Teixeira, o projeto ajuda a dar visibilidade a uma comunidade que antes era ignorada e marginalizada. Ele explica como, ajudando uma comunidade, todas as comunidades do município são beneficiadas.

“Não é só através daqui que a gente ajuda. A gente ajuda essa comunidade, mas através dessa a gente ajuda Reolon, Mariani, Cinquentenário, muitas pessoas que moraram aqui dentro e saíram daqui para outros bairros. Então eu só tenho a agradecer ao Mosaico na Quebrada e a todo esse povo. A comunidade agradece de coração mesmo”, complementa.

No último final de semana, o projeto ainda recebeu a visita dos artistas cariocas Victoria e Kaká Oliveira que realizaram oficinas de mosaico e teatro para os moradores da região.

O projeto Mosaico na Quebrada conta com recursos da Lei de Incentivo à Cultura para a aquisição das tintas e materiais para pintura. Já os materiais de construção, utilizados para fazer reparos nas residências, podem ser doados pela comunidade. Quem tiver interesse em ajudar pode contatar a arquiteta Jéssica de Carli, que preside o Instituto SAMbA, pelo número (54) 9 9909-9810.

Fotos: Fernanda Tomás/Grupo RSCOM