O Procon de Bento Gonçalves informou que irá investigar possíveis irregularidades no aumento dos preços de combustíveis em postos da cidade. De acordo com o órgão, denúncias dão conta de que pelo menos dois estabelecimentos reajustaram os valores de gasolina, etanol e óleo diesel ainda na terça-feira (15), enquanto o aumento, anunciado pela Petrobrás para todo o País, passaria a valer somente na quarta-feira (16).
Em termos práticos, os estabelecimentos que anteciparam o reajuste teriam cobrado a mais por produtos adquiridos na semana anterior, sem o reajuste. À reportagem, o coordenador do Procon de Bento Gonçalves, Maciel Giovanella, afirmou que as denúncias serão analisadas, podendo ser abertos autos de infração e multas. Tais medidas já foram tomadas anteriormente, em casos semelhantes ocorridos em Bento Gonçalves.
Giovanella acrescenta que na grande maioria dos postos de combustíveis da cidade o aumento passou a valer na quarta-feira (16). Em média, a gasolina comum ficou R$ 0,31 mais cara na bomba para os consumidores. Com isso, o litro do produto passou da média de R$ 5,64 para R$ 5,95. Apesar do novo reajuste, em 2023 o preço da gasolina vendida às distribuidoras acumula R$ 0,15 o litro.
O aumento, a nível nacional, foi anunciado pela Petrobrás na terça-feira (15). Segundo a estatal, a nova política de preços dos combustíveis, anunciada em maio, “permitiu que a empresa reduzisse seus preços de gasolina e diesel e, nas últimas semanas, mitigasse os efeitos da volatilidade e da alta abrupta dos preços externos, propiciando período de estabilidade de preços aos seus clientes.” No entanto, a consolidação dos preços de petróleo em outro patamar, e estando a Petrobras no limite da sua otimização operacional, incluindo a realização de importações complementares, torna necessário realizar ajustes de preços para ambos os combustíveis, dentro dos parâmetros da estratégia comercial, visando reequilíbrio com o mercado e com os valores marginais para a Petrobras”.
Sulpetro concorda com aumento “imediato”, mas Procon de Bento Gonçalves contesta
Na visão do presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, o aumento imediato dos combustíveis se justifica por conta de pagamentos com cartão de crédito. Na visão do órgão, o dinheiro, neste caso, não entraria de maneira imediata na conta dos postos, e, desta maneira, tornaria dificultosa a compra junto à distribuidora. Em suma, as empresas comprariam o combustível à vista e venderiam para receber, por vezes, 40 dias depois.
Contudo, Maciel Giovanella, do Procon Bento Gonçalves, rechaça o argumento. “Aumentar de imediato, sem receber a nova remessa de combustível, já com o aumento da Petrobras, se configura, sim, como prática abusiva, uma vez que o consumidor já estará sentindo os reflexos do reajuste, sem que o posto efetivamente já tenha adquirido tal remessa com o aumento.”, disse.