Polícia

Primeira vereadora negra de Joinville recebe ameaças de morte

Ana Lucia Martins, do PT, foi ameaçada em comentários de posts publicados nas redes sociais.

Ana Lucia Martins foi eleita a primeira negra vereadora de Joinville – Foto: Redes sociais/Divulgação
Ana Lucia Martins foi eleita a primeira negra vereadora de Joinville – Foto: Redes sociais/Divulgação

No último domingo, Ana Lucia Martins (PT) foi eleita a primeira vereadora negra da cidade. Porém, o que era para ser motivo de comemoração tem se transformado em medo.

Isso porque a nova vereadora recebeu diversas ameaças nas redes sociais desde que o resultado das eleições foi divulgado. No Twitter, uma pessoa que usa um perfil anônimo sugere matá-la para colocar um suplente branco no lugar. Ana Lucia denunciou a situação em suas redes sociais.

Segundo ela, os ataques começaram logo depois de divulgado o resultado das eleições, quando alguém, com um aparelho identificado como sendo de Timbó, invadiu o perfil dela no Instagram, retirou a foto do perfil e apagou a bio. A situação, no entanto, foi rapidamente resolvida pelo pessoal da campanha.

Já na segunda-feira (16), muitos posts comemorando os resultados nas redes sociais foram alvo dos comentários ameaçadores. “Num desses comentários, um perfil fake diz de forma muito explícita a seguinte frase: agora precisamos matar ela para que o próximo suplente assuma, que é um homem branco. Não resta dúvida de uma ameaça de morte”, destaca Ana Lucia.

Além desse comentário, o mesmo perfil fez outras falas contra a nova vereadora. “Eu fiquei tão impactada que não quis ler os detalhes”, conta ela. Para Ana, era evidente que a ideia de uma mulher negra que fala sobre feminismo e racismo assumindo a Câmara não seria tão bem recebida, porém, ela não esperava esse tipo de ataque.

“A indignação é muito grande porque se trata de um impedimento, uma tentativa de impedimento da minha mobilidade, das pessoas que me elegeram, da pessoa negra. O racismo é tão impactante que mesmo com todos os processos legítimos, quer nos impedir de fazer valer o nosso direito de existir como cidadãos e sujeitos políticos”, reclama.

Além da indignação, Ana agora convive também com o medo. “Estou impedida de exercer minha cidadania. É inaceitável que eu não possa ir às ruas agradecer e me movimentar na cidade como os outros candidatos eleitos estão podendo fazer”, fala.

Um boletim de ocorrência já foi feito e, nesta tarde, a nova vereadora deve prestar depoimento à Polícia Civil, que vai investigar o caso.

Fonte: ND+