Comportamento

Primavera 2021: saiba como o clima irá se comportar durante a estação

Foto: reprodução
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É hora da estação das flores. A primavera começa nesta quarta-feira (22) às 16h21, marcando a transição para o verão. De acordo com os meteorologistas da MetSul Meteorologia, a primavera deste ano poderá transcorrer com o Oceano Pacífico sob La Niña, o que teria reflexos na nova estação.

“A estação começa ainda oficialmente em estado de neutralidade, ou seja, sem a presença dos fenômenos El Niño e La Niña no Pacífico Equatorial Central. Essa condição, entretanto, deve mudar na medida em que transcorre a estação, uma vez que as águas superficiais do Pacífico Equatorial se encontram em processo de constante resfriamento”, explica o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall.

  • Chuva

A primavera deve ter chuva irregular mais uma vez neste ano, assim como ocorreu em 2020 com impacto na cultura de milho e alto risco de quebra de produtividade em muitas áreas. Espera-se uma grande variabilidade das precipitações de região para região na distribuição da chuva com tendência de volumes abaixo a muito abaixo da média histórica durante grande parte da primavera no Sul do Brasil.

Episódios de chuva volumosa e intensa regionalizados são esperados com acumulados de precipitação muito altos em curto período, mesmo com o Pacífico sob La Niña, mas, no geral, a estação deve terminar com precipitação abaixo dos padrões históricos na maior parte do Sul do país. Nas principais áreas agrícolas da região, a perspectiva é muito negativa e o verão pode começar com déficit hídrico e umidade deficiente no solo.

Historicamente, os efeitos do fenômeno La Niña na chuva são sentidos mais no final da primavera e no começo do verão. Por isso, a MetSul Meteorologia alerta que à medida que o verão se aproximara irregularidade da chuva tende a se acentuar e algumas áreas do território gaúcho podem enfrentar maior déficit hídrico, com ameaça de prejuízos em lavouras de ciclo precoce como as de milho.

  • Temporais

A MetSul destaca que a primavera é o período com maior frequência de tempestades, não raro severas com intensos vendavais e granizo. Há precedentes de tornados na estação. Neste ano, com o Pacífico Leste mais frio do que o normal ou sob La Niña, avalia-se que a frequência de tempestades pode não ser tão alta como se estivéssemos sob El Niño, mas quando os temporais ocorrerem podem ser muito intensos pelo maior contraste térmico entre massas de ar frio e quente. Por isso, episódios de vendavais intensos e destrutivos localizados não necessariamente serão freqüentes, mas quando ocorrerem podem ser severos. Os tornados mais graves dos últimos 20 anos na primavera no Rio Grande do Sul se deram na maioria sob La Niña ou Pacífico mais frio que a média.

Enfatizamos que, por tendências históricas, o risco de granizo é especialmente mais elevado quando o Oceano Pacífico está sob La Niña, como é o caso da primavera deste ano, e, assim, devem ser esperados temporais com granizo mais intensos nesta estação que começa com danos em áreas urbanas e prejuízos na agricultura em alguns episódios. No caso do Rio Grande do Sul, as regiões Central do Estado, o Noroeste, a Serra, o Planalto e os Campos de Cima da Serra são as regiões com maior propensão para granizo.

  • Temperatura

Como estação de transição para o verão, na primavera aumenta a frequência de dias de calor e diminui os de frio. O começo da estação ainda tem características mais amenas e até com frio em alguns dias, ao passo que o final já tem padrão típico de verão. Os dias de calor aumentam, especialmente entre novembro e dezembro, quando algumas jornadas são muito quentes com possibilidade de ondas de calor e marcas perto ou acima de 40ºC.

“A temperatura nessa primavera vai ficar ao redor ou um pouco acima da média histórica. Mas entre novembro e dezembro podem ocorrer alguns períodos de calor muito intenso, o que normalmente acontece. Em pontos da Metade Sul, a estação pode ter marcas um pouco abaixo da média histórica. A probabilidade de marcas um pouco abaixo ou próximas da média é maior na primeira metade da estação enquanto na segunda metade da primavera a tendência é de temperatura acima da média”, ressalta Nartigal.

  • Vento

Uma condição típica da primavera é o vento que sopra da tarde para a noite do quadrante Leste, às vezes com rajadas fortes. Como as massas de ar frio de alta pressão atmosférica começam a ter trajetória mais oceânica e o continente passa a aquecer mais com baixas pressões no Norte da Argentina e no Paraguai, o contraste térmico entre ar frio na costa e ar quente no continente assim como de pressão acentua o vento da tarde para a noite do quadrante Leste, sobretudo em outubro e novembro, o que rendeu a expressão popular de “Vento de Finados”. A estação ainda tem risco de ciclones extratropicais no Atlântico Sul e que, em alguns casos, podem ser intensos e provocar muito vento e forte ressaca do mar na costa gaúcha.