Caxias do Sul

Preocupação com dívidas gera cautela nos gastos de consumidores de Caxias do Sul

(Foto: Isa Severo/Grupo RSCOM)
(Foto: Isa Severo/Grupo RSCOM)

A Fecomércio divulgou no último dia 6 de agosto uma  pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Os dados apontaram que, o total de brasileiros endividados cresceu em julho e renovou o recorde-histórico, chegando a 71,4%. É o maior percentual desde janeiro de 2010.

Os índices na cidade de Caxias do Sul revelam 42% de inclusão de novas dívidas neste ano, comparado ao ano anterior. Conforme o Coordenador de Tecnologia, Informação e Inovação da CDL Caxias do Sul, Cleber Figueredo antes da pandemia, entre 2018 até 2020, via se um movimento de crescente do endividamento.

“Com a chegada da pandemia, a tendência que nós apurávamos, que nós imaginávamos que fosse acontecer, é que essa dívida iria aumentar, que as pessoas iriam perder capacidade, principalmente naquelas negociações que já estavam em andamento. Fiz uma compra, parcelei e fiquei desempregado, a tendência é que isso fosse aumentando. Porém, aconteceram alguns fenômenos que provocaram o inverso disso, pelo menos na nossa região”, fala.

Esses fenômenos citados por Cleber, seriam as iniciativas do Governo Federal, como a opção de saque do FGTS, auxilio emergencial e portarias que impediram que os consumidores ficassem negativados, como nos casos de dívidas de água e luz.

A proporção de endividados no cartão de crédito também renovou a máxima histórica, chegando a 82,7% do total de famílias com dívidas. Este meio de pagamento é o mais difundido pelas facilidades de uso, mas é também o que oferece o maior custo ao usuário, sobretudo quando se torna crédito rotativo (empréstimo pessoal de curtíssimo prazo, em que parte do saldo devedor é rolada para o mês seguinte ao do vencimento).

Segundo o Gerente de crédito da Sicredi Pioneira (Vale dos Sinos até a Serra Gaúcha), Marcus Leandro Pinheiro a cooperativa atingiu nesse ano R$ 2,5 bilhões, de carteira. Eles possuem um vínculo muito importante com pessoas jurídicas, como indústrias que tomam esses recursos.

“A procura esse ano, realmente ela se deu no âmbito industrial em novas instalações, em aquisição de novas instalações de reforma de estruturas, maquinários, softwares e hardwares para poder sustentar todo esse crescimento necessário e automação que vem junto”, diz Marcus.

Lei do Superendividamento

A Lei 14.181/21 foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 2 de julho. A lei aumenta a proteção de quem tem muitas dívidas e não consegue pagá-las, além de criar alguns instrumentos para conter abusos na oferta de crédito.

Conforme as regras, os consumidores terão direito a uma condição de recuperação judicial para renegociarem as dívidas com todos os credores ao mesmo tempo. Ela também passa a proibir qualquer tipo de assédio ou pressão para atrair os consumidores.

Expectativa do pós-pandemia

Sem data marcada, a pós-pandemia é debatida e demanda preparação. A estimativa da CDL Caxias para esse momento, conforme Cleber é de que os consumidores neste primeiro período busquem gastar mais nos setores de turismo e evento por exemplo.

“O consumidor foi sendo freado e isso ainda vai se estender, a medida que outros setores que ainda estão fechados, comecem a abrir. Nós estamos com essa previsão de que ainda existe uma reserva de recurso com as pessoas e que vai ser usado quando esses movimentos começarem a abrir”, fala.