Em meio a uma crise na área da saúde que, embora não admitida pela prefeitura de Bento Gonçalves, padece com a falta de profissionais, com a crise dos salários de enfermeiros e atendentes de enfermagem e ameaça fechar os leitos de internação na Unidade de Pronto Atendimento 24h da Zona Sul, uma notícia positiva fecha a semana turbulenta no município: as novas licitações para a conclusão do bloco cirúrgico e da instalação do elevador para o complexo de saúde pública encaminham a previsão para a conclusão das obras até o primeiro trimestre de 2024. Os trabalhos estão paralisados desde dezembro do ano passado.
Esta semana, a prefeitura assinou o contrato com a empresa Cidade Projetos e Construções (a mesma que está responsável pelas obras da nova sede da Câmara Municipal) para a conclusão das obras de instalação do elevador que vai atender a unidade de internação do complexo. A empresa habilitada apresentou uma proposta de pouco menos de R$ 2,4 milhões para concluir os trabalhos em oito meses. De acordo com Melissa Bertoletti Gauer, diretora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ipurb), a obra contempla a conclusão da estrutura da torre, o revestimento interno e externo, instalação hidráulica e elétrica além da instalação dos elevadores.
Retomar as obras do bloco cirúrgico
Com relação ao bloco cirúrgico, a diretora do Ipurb confirmou que a Caixa Federal aprovou no dia 19 de maio a liberação de mais R$ 3,7 milhões, e um novo edital deverá ser lançado nas próximas semanas. A previsão é que as obras se estendam por seis meses após a contratação da empresa, depois de mais de uma década do início da liberação de recursos que totalizavam à época cerca de R$ 4,5 milhões, atrasada por adiamentos, licitações comprometidas, renegociações, promessas e embargos da obra que ainda está longe de ser concluída.
Com o novo edital, a prefeitura pretende encerrar um período turbulento para retomar as obras, inciadas em 2019, suspensas em setembro de 2020, reiniciadas em março de 2021 e paralisada em dezembro de 2022 após uma sucessão de contratempos que culminou com o encerramento unilateral do contrato com a empresa Construvias Serviços de Reformas Prediais. O custo total da obra é calculado em cerca de R$ 4,3 milhões, um valor 26% maior que o previsto inicialmente, conforme consta no site do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
12 anos depois, obra parada
A construção do Bloco Cirúrgico, que se arrasta desde a assinatura do primeiro contrato com a Caixa Federal, em dezembro de 2011, na administração de Roberto Lunelli, é mais uma das diversas obras atrasadas ao longo de quatro mandatos da administração municipal de Bento Gonçalves, e passou por pelo menos quatro licitações, esperou três anos pela liberação da primeira parcela e outros dois anos para concluir um projeto de construção, que só foi aprovado em 2017, e ainda passou pelo risco de perder os recursos federais em 2021. As obras iniciaram apenas em 2019, foram paralisadas em setembro de 2020, no final do segundo mandato do ex-prefeito Guilherme Pasin, retomadas em março de 2021, já com seu sucessor, Diogo Siqueira, embargadas pelo Ministério do Trabalho no ano passado e, agora, devem ser retomadas até julho.
Da fase 1, o centro de material esterilizado, banheiros e vestiários, salas administrativa e para descanso médico estão concluídos desde 2020. O que está em atraso agora – de acordo com a renegociação com a Caixa, as obras deveriam estar concluídas em novembro do ano passado –, é a fase 2, que prevê a construção das oito salas de cirurgia, de sala de preparo e banheiro para pacientes, sala de recuperação após anestesia, departamento médico legal, farmácia, área de transferência de pacientes, depósito e sala de utilidades, além de sala de armazenagem e distribuição de materiais e roupas esterilizadas.
Projeto refeito
Para reiniciar as obras em 2021, a prefeitura precisou realizar um novo projeto e renegociar o acordo com a Caixa, depois que rescindiu o contrato com a construtora Febeal em setembro de 2020 e deixou a obra paralisada por cerca de seis meses. A obra deveria estar concluída há dois anos, mas o atraso foi provocado principalmente por falhas no projeto, segundo apontou o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ipurb) em julho de 2020: a inexistência de uma interligação da nova rede de gás medicinal que vai atender as salas de cirurgia com a rede já existente na UPA24h, o que obrigou a recalcular a metragem da rede; e os cálculos incorretos sobre a necessidade de escavação da rocha no local da obra, o que exigiu um número maior de detonações, causando atrasos e custos não previstos. Informada da situação em julho de 2020, a prefeitura demorou dois meses para rescindir o contrato com a construtora e só retomou as obras, com uma nova licitação, no início do ano passado.
Complexo em fase final
Depois da conclusão do bloco cirúrgico, a fase final da construção do complexo hospitalar incluirá a finalização do prédio de leitos e a construção de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Para conseguir recursos, a prefeitura realizou dois movimentos importantes em 2021: conseguiu aprovar na Câmara de Vereadores a retirada de R$ 5,4 milhões da Educação para a conclusão das obras, e, em março do ano passado, anunciou a liberação de R$ 3,6 milhões do governo estadual, através do programa Avançar na Saúde, para a instalação de 15 leitos de unidade intensiva.
De acordo com a diretora do IPURB, Melissa Bertoletti, fazem parte do cronograma de obras revestimentos internos e externos com pinturas, forro de gesso, piso, esquadrias, finalizações de rede elétrica, hidráulica e climatização, além do Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI).