Bento Gonçalves

Por falta de apoio, 25ª edição do Bento em Dança pode ser a última

Por falta de apoio, 25ª edição do Bento em Dança pode ser a última
Festival coloca em cena a performance de crianças e adolescentes de diversos países. (Foto: Airton Ferreira)

Depois de 25 anos, o Bento em Dança, considerado um dos mais importantes festivais do país numa mistura de gêneros que coloca em cena a performance de crianças e adolescentes da Argentina, Brasil, Chile, Itália, Uruguai e Venezuela, pode chegar ao fim.
De acordo com a coordenadora geral do evento, Erci Grapiglia, o festival sofre com a falta de incentivo que se repete ano após ano.

“Chegou a hora de eu parar. Dediquei 25 outubros da minha vida, deixando minha família de lado, para promover o nome de Bento Gonçalves. E hoje, o Bento em Dança é um dos principais festivais de dança do Brasil, mas que sofre com a falta de incentivo que se repete ano após ano e que, tornou-se insuportável e impossível de continuar. Infelizmente esta é uma realidade que deixa a família da arte da dança muito triste”, desabafa.

Segundo Erci, muitas escolas de dança se preparam o ano todo para participar do festival, que possibilita uma grande troca de informações, oportunidade de aperfeiçoamento, e o contato com grandes professores, porém tudo isso precisa de investimento, estrutura e apoio.

“Muitas escolas se preparam o ano todo para participar do festival. A expectativa é muito grande, seja para o concurso, seja para as oficinas. A troca de informações, a oportunidade de aperfeiçoamento, o contato com grandes professores, é tudo muito rico e transformador, mas que precisa de estrutura, de apoio, de investimento”, lamenta.

Neste ano, em apenas dois dias de Bento em Dança, 161 coreografias povoaram o palco numa mistura de gêneros. A 25ª edição, que iniciou no dia 7 de outubro, será embalada por 627 coreografias nas oito noites de concursos, 18 oficinas durante o dia, além de apresentações na Mostra Aberta em dois palcos montados na cidade. O festival segue até sábado, dia 14, devendo reunir mais de 6 mil bailarinos. Os espetáculos acontecem no Pavilhão E do Parque de Eventos de Bento Gonçalves. Ingressos no local por R$ 20.

A 25ª edição, que iniciou no dia 7 de outubro, será embalada por 627 coreografias nas oito noites de concursos. (Foto: Airton Ferreira)

Somente no dia 7, foram 76 coreografias de Ballet Clássico de Repertório e do Neoclássico e Clássico Livre. No domingo, 8, o número subiu para 85, contemplando, ainda, Técnicas Contemporâneas de Dança. Os mesmos gêneros seguem até o dia 10. Somente na quarta, 11, é que começam a figurar Estilo Livre, Jazz e Danças Urbanas. E para quem aprecia Danças Populares e Sapateado a noite de sexta-feira, dia 13, é a indicada.

No último dia do festival, dia 14, acontece a Gala de Encerramento com a apresentação dos grandes vencedores, um espetáculo para quem aprecia a arte.
Para Erci, o festival celebra a pluralidade cultural e dá voz à dança. “Nesses 25 anos, ajudamos a transformar alunos em grandes bailarinos, viabilizamos intercâmbios que transformaram a vida de muitos estudantes e promovemos a dança como uma expressão artística. E fizemos tudo isso por amor à arte, por compreender que através da dança é possível comunicar, emocionar, interagir”.

Confira a nota oficial:

“Chegou a hora de eu parar. Dediquei 25 outubros da minha vida, deixando minha família de lado, para promover o nome de Bento Gonçalves. E hoje, o Bento em Dança é um dos principais festivais de dança do Brasil, mas que sofre com a falta de incentivo que se repete ano após ano e que, tornou-se insuportável e impossível de continuar. Infelizmente esta é uma realidade que deixa a família da arte da dança muito triste.

Muitas escolas se preparam o ano todo para participar do festival. A expectativa é muito grande, seja para o concurso, seja para as oficinas. A troca de informações, a oportunidade de aperfeiçoamento, o contato com grandes professores, é tudo muito rico e transformador, mas que precisa de estrutura, de apoio, de investimento.

Quando criamos o Bento em Dança, em 1992, sabíamos que não seria fácil. Com a dança, transformamos este lugar num ambiente em movimento, onde o amor por esta arte foi capaz de reunir gente de todos os estilos, independente de sexo, raça, religião ou classe social.

Somos meros espectadores e compartilhamos de uma paixão que emociona, transforma, realiza. Mais de 140 mil bailarinos já passaram pelo Bento em Dança, vindos de mais de 20 países. É uma população que supera o número de habitantes de Bento Gonçalves. Aqui, muitos chegaram como alunos e se tornaram professores ou grandes bailarinos. Cada um foi crescendo junto com o evento. E este talvez seja o grande mérito do Festival, que segue promovendo a arte da dança e oportunizando o aperfeiçoamento pessoal e profissional.

Enfim, trouxemos para Bento Gonçalves uma Festival de emoções, de arte, de cultura, de intercâmbio, de civilização. Uma arte que infelizmente está muito distante do nosso dia a dia, mas que com persistência conseguimos manter durante este período, apesar da falta de apoio necessário.

Apaixonados pelo mundo da dança, trouxemos para cá um festival de danças que pudesse preencher esta lacuna na cultura da cidade, uma lacuna que carece de arte na sua forma de expressão mais autêntica. Se as luzes do palco do Bento em Dança se apagarem, não é por desejo nosso, mas simplesmente pela falta de incentivo”.