A Polícia Civil de Caxias do Sul passa a investigar a partir desta quinta-feira, dia 8, uma denúncia de abuso sexual supostamente praticado por um médico plantonista da Unidade Pronto Atendimento da Zona Norte. A vítima, uma mulher de 27 anos, diz que o fato ocorreu na última terça-feira, por volta da meia-noite.
De acordo com informações do boletim de ocorrência, a mulher foi procurar atendimento em decorrência de uma picada de aranha no braço. Ao chegar na UPA, a vítima foi atendida por um médico plantonista, que teria iniciado o atendimento perguntando à mulher sua opção sexual, detalhes sobre a vida conjugal e relacionamentos.
A vítima relata que, como estava sozinha e envergonhada com a situação, abaixou a cabeça e nada respondeu. “Ele falou uma bomba de bobagens e isso me deixou acuada, olhando para o chão. Não consegui mais olhar para a cara dele”, afirma.
Segundo a vítima, durante o exame clínico, o médico pediu que ela tirasse o vestido e o sutiã, e a tocou nos seios e nádegas. O homem ainda se escorou na porta para que ninguém entrasse na sala. Depois disso, a mulher foi encaminhada para realizar a medicação com as enfermeiras e retornou à sala do médico, onde teria ocorrido um novo abuso.
Segundo a vítima, seu marido ficou em casa com os filhos para que ela pudesse ir ao hospital. “Eu fui sozinha, não tinha acompanhante e estava sem celular. Fui consultar uma picada no braço, e apenas ali, na parte externa, tinha vermelhidão. Mesmo assim, ele insistiu em que eu tirasse a roupa e ficou em pé, escorado na porta, para que ninguém entrasse. Preciso alertar as mulheres e outras possíveis vítimas para que tomem cuidado. Passei o dia chorando”, relata.
Após a situação, a vítima registrou o boletim de ocorrência junto ao Plantão de Polícia. Conforme a delegada da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), Thais Norah Sartori Postiglione, o crime vai ser investigado. “Vai ser instaurado um inquérito para apurar posse sexual mediante fraude, de acordo com o artigo 215 do Código Penal. A vítima vai ser ouvida, dar detalhes e o médico vai ser intimado e interrogado. Leigamente, o que aconteceu foi um abuso cometido pelo médico, que é praticar algum ato libidinoso mediante fraude com alguém”, explica a delegada.
Ainda segundo a titular da Deam, casos como estes devem ser denunciados presencialmente na Delegacia da Mulher ou no Plantão da Polícia. “É muito importante que as pessoas nos procurem caso sofram alguma coisa que não seja o normal, que tenha a ver com atos libidinosos, para que outras mulheres não sejam vítimas disso. Porque além de crime, é um constrangimento absurdo, e as mulheres, muitas vezes, se submetem porque é o médico. Como é que as pessoas vão desconfiar que o médico não está te orientando à coisa certa?”, indaga Thais.
O Instituto de Gestão e Humanização (IGH), responsável pelo gerenciamento da UPA Zona Norte, informou que o médico foi demitido ainda nesta quinta-feira. A empresa também se pronunciou oficialmente sobre o caso, confira:
“Nota à imprensa
Sobre a denúncia de abuso sexual envolvendo médico plantonista da Unidade de Pronto Atendimento da Zona Norte (UPA Zona Norte), o Instituto de Gestão e Humanização (IGH) informa que as devidas providências estão sendo tomadas junto ao profissional citado pela paciente em boletim de ocorrência. O IGH está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.”